O ex-governador Sérgio Cabral (MDB) admitiu, pela primeira vez, o recebimento de propina de uma cervejaria, confirmando a delação de seu operador financeiro Carlos Miranda. Na colaboração premiada, Miranda disse que a propina mensal do grupo era de R$ 500 mil. Cabral foi interrogado nesta terça-feira na Justiça Federal do Rio, em processo sobre um desdobramento da Calicute, a operação-mãe da Lava Jato fluminense, referente a lavagem de dinheiro através de concessionárias de carro.
De acordo com Miranda, em troca da propina, a firma tinha benefícios fiscais. Mensalmente, R$ 150 mil ficavam com Ary e outros R$ 150 mil com Miranda, enquanto o restante era da “caixa geral de propina”.
O ex-governador acrescentou no depoimento.
— Já o grupo Petrópolis, sim. Tinha propina. Houve ajuda em campanha eleitoral e, de fato, havia esse recurso, como o Carlos Miranda falou no depoimento dele que parte era para lavagem de dinheiro, outra parte ficava para o Ary e outra para gastos do caixa — disse.
Cabral também admitiu a existência de esquema de lavagem de dinheiro para pagar funcionários pessoais. Alguns deles eram contratados como comissionados, mas tinham um “bônus” pago pelo esquema: “Tenho conhecimento dos fatos”, afirmou o ex-governador. (S.M.) (A.N.)