Festa regada à política e a críticas sociais
06/03/2019 10:48 - Atualizado em 08/03/2019 16:22
A festa popular mais famosa do Brasil ganhou contornos políticos na edição 2019. Não deixou de lado, porém, as críticas sociais e o debate racial e das chamadas minorias. O Carnaval, que terminou ontem, mostrou nas avenidas de todo País um retrato do momento atual. A campeã de São Paulo, por exemplo, anunciada nesta terça-feira à tarde, é a Mancha Verde, que homenageou Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares, e sua luta pelos direitos de negros e mulheres. No Rio, diversas escolas também trouxeram críticas aos governos municipal, estadual e federal.
A Mancha Verde levou o troféu com desfile sobre a princesa africana Aqualtune, avó de Zumbi dos Palmares, e discutiu escravidão, direitos de negros e mulheres e intolerância religiosa na avenida.
No Rio, a madrugada de terça foi da Estação Primeira de Mangueira, que já ganhou o prêmio Estandarte de Ouro de melhor escola do Grupo Especial em 2019. Ela também é uma das favoritas para o título de campeão, como mostra o professor Marcelo Sampaio (veja na Folha Dois).
A verde e rosa levou para a avenida enredo que recontou a história do Brasil por meio de heróis da resistência negros e índios. Entre os rostos estampados nas bandeiras, o da vereadora Marielle Franco (Psol), assassinada junto com o motorista Anderson Gomes, em 14 de março do ano passado. Até hoje o crime não foi solucionado.
O tema foi criticado pelo deputado mangueirense Rodrigo Amorim (PSL), que quebrou uma placa com nome de Marielle Franco, durante a campanha. Amorim disse que a homenagem era prova de uma “ditadura cultural da esquerda”. Já o deputado federal Daniel Silveira, que estava ao lado dele no episódio, afirmou que considerava a atitude “louvável”. Já o vereador Marcelo Siciliano (PHS), apontado por uma testemunha como um dos supostos mandantes do crimes, o que ele nega, elogiou o samba da Mangueira. Siciliano desfilou pela Portela.
A vereadora também foi lembrada na Vila Isabel, que falou da luta por justiça e contra a desigualdade racial, e em vários blocos.
Vice-campeã de 2018, a Paraíso da Tuiuti voltou ao tema e contou a história do Bode Ioiô, eleito vereador em Fortaleza nos anos 1920. Foi o ponto de partida para brin-cadeiras e relações com a política atual. (S.M.) (A.N.)

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