Camilla Silva
05/03/2019 18:37 - Atualizado em 06/03/2019 13:43
Uma gambiarra de fios em postes da região central de Campos tem preocupado moradores e comerciantes. Na semana passada, um deles pegou fogo, em frente ao Mercado Municipal. As chamas atingiram a rede elétrica, e pedaços de fio caíram na rua. Apesar da movimentação pela área, ninguém ficou ferido. As obras de revitalização do Centro Histórico de Campos, que tinha previsão de término há quatro anos, ainda na antiga gestão municipal, prometiam solução do problema, com a instalação subterrânea de redes elétricas e de telefonia, mas ainda não foi concluída. A Enel, concessionária que presta o serviço de iluminação, afirma que paralisação é por pendência da Prefeitura de Campos. Já o município afirma que se trata de um trabalho de grande complexidade que envolve várias concessionárias e um alto custo, inviável para realização no momento. Os emaranhados de instalações de energia elétrica e de telefonia e internet que não seguem regras de segurança podem ser denunciados para empresa.
— Essa obra causou um transtorno enorme na época em que estava sendo feita. Causou queda no movimento por causa das ruas interditadas, mas todo mundo apoiou, afinal, estávamos contando que traria muitos benefícios para toda área. Agora olhar e ver que não deu em nada é muito complicado. A gente ainda espera que ela seja retomada. É muito importante para a melhora do comércio no Centro — lamentou Luiz Carlos Chicri, presidente Associação de Comerciantes e Amigos da Rua João Pessoa (Carjopa).
As obras de revitalização do Centro Histórico de Campos, iniciadas em junho de 2012 e com previsão inicial de término para maio de 2015, seguem paralisadas desde 2016. Segundo a secretaria de Infraestrutura e Mobilidade Urbana, já foram gastos R$ 33.441.693,98 de dinheiro público na intervenção. A secretaria informou, ainda, que a obra do Centro Histórico de Campos foi paralisada no final da gestão passada.
A falta de avaliação do projeto de revitalização do Centro Histórico foi apontada pela distribuidora de energia elétrica como um dos motivos dos atrasos no andamento das intervenções no Centro Histórico.
— A atual gestão fez um levantamento das necessidades para a conclusão da obra, que inclui principalmente a conversão das redes aérea para subterrânea, um trabalho de grande complexidade que envolve várias concessionárias e um alto custo, inviável para o município neste momento em virtude da brusca queda de receita. Vale ressaltar que o município vive uma realidade financeira diferente da que viveu no início desta obra e lamenta que a mesma não tenha sido concluída dentro do prazo contratual. A obra teve início em 2013 com prazo inicial de dois anos, tendo sido prorrogado posteriormente — afirmou a Prefeitura.
Irregularidade pode ser denunciada à Enel
Os postes são compartilhados entre a empresa de fornecimento de energia e de telecomunicações. De acordo com as resoluções conjuntas da Agência Nacional de Energia Elétrica e da Agência Nacional de Telecomunicações, as empresas que utilizam a estrutura devem seguir o plano de ocupação e as normas técnicas da distribuidora local. Segundo as normas técnicas da companhia, podem ser feitas 6 ligações em um poste: 5 de empresas de telecomunicações, 1 da Enel, e a distância mínima para a fiação de baixa tensão em via urbana, entre a rede elétrica e de telecomunicação, é de 6 metros.
— Os consumidores que verificarem uma fiação irregular e que apresente risco, podem fazer denúncias pelo 0800-280-2375 ou pelo e-mail [email protected] — afirmou em nota.
A companhia acrescentou, ainda, que realiza regularmente a fiscalização da fiação de telecomunicação dos postes no município de Campos. A iniciativa tem como objetivo regularizar toda a estrutura dos postes e retirar a fiação dos equipamentos que se encontram irregulares. “A distribuidora acrescenta que possui um plano de manutenção periódica da rede e também um plano de inspeção, que inclui inspeções visuais e com equipamentos termográficos”, afirmou.
Incêndio deixou parte do Centro sem luz
Por causa do incêndio ocorrido no último dia 26, no cruzamento da rua Tenente Coronel Cardoso com a avenida José Alves de Azevedo, todo o trecho ficou sem luz e o trânsito chegou a ser interditado. A transmissão de internet também foi afetada na região. Com a interrupção dos serviços, comerciários da cidade relataram prejuízos.
As chamas assustaram as pessoas que passaram pelo local. Duas equipes do Corpo de Bombeiros foram acionadas e controlaram o fogo. Segundo os militares, funcionários de uma empresa de internet e telefonia trabalhavam no local no momento em que o incêndio começou. A Enel afirmou que o incêndio foi causado por um ato acidental, provocado por equipes de uma empresa de telefonia que estavam realizando ações de manutenção da rede de telefonia no local.
O atendente de uma farmácia situada na rua Tenente Coronel Cardoso, que fica próxima ao poste que pegou fogo, Kaio Ruben, de 21 anos, contou, na terça, que os prejuízos foram imensos e o dia de trabalho ficou perdido. “Abrimos a porta do estabelecimento às 8h e cerca de 20 minutos depois começou o incêndio. Já são 16h e se atendemos cinco clientes foi muito”, disse, na ocasião do acidente.