Experiência internacional no CT
Paulo Renato Pinto Porto 02/03/2019 19:52 - Atualizado em 06/03/2019 14:55
Wederson Nunu
Wederson Nunu / Foto - Isaias Fernandes
Quando se preparava para deixar os gramados e encerrar sua vitoriosa carreira há dois anos, Wederson Nunu recebeu convite para voltar ao Americano. Era o que queria. Encerrar a carreira no clube que o projetou seria uma forma de retribuir o que o Alvinegro lhe proporcionou. Desejava, sobretudo, contribuir para trazer o clube de volta ao grupo de elite do futebol do Rio.
— O Americano é tudo pra mim. Foi onde tudo começou. Aqui tive a primeira oportunidade e aprendi muitas coisas até ser o homem que sou hoje. Gostaria contribuído como jogador mas não foi possível o acesso à Série A naquele ano, por algumas circunstâncias, mas felizmente o Americano está de volta à primeira divisão. Agora quero contribuir de outra maneira ajudando formar jogadores. Estou muito feliz com a oportunidade — afirmou o ex-lateral, de 37 anos, que acaba de assumir o sub-20 do Glorioso.
O regresso no comando do sub-20 foi uma questão de reconhecimento do clube à sua trajetória, que inclui uma experiência de 12 anos no futebol da Turquia, depois de passagens por Internacional, Vasco e Juventude, entre outros clubes.
— Tive o privilégio de trabalhar com grandes nomes do futebol. Treinadores como Parreira, Zico, Evaristo de Macedo, Antônio Lopes, Cristóvão Borges... Disputei três Champions League e Copas da Uefa. Já tive oportunidade de jogar contra o Adriano em sua grande fase, o Ibrahimovic, entre outros grandes craques. Quero passar para esses garotos um pouco do que vivi e aprendi— afirmou.
Ao elogiar a safra de garotos que tem agora em mãos, Nunu corrobora a fama de celeiro de grandes talentos que Campos ostenta. Didi, o mais famoso, deixou sua marca na Turquia como treinador do Fenarbache.
— Logo que cheguei lá e disse que era de Campos, diretores do Fenerbache me falaram. “Ah, sim, Campos, onde nasceu Didi...”. Eles respeitam muito os brasileiros, especialmente um monstro sagrado como Didi. Aqui vamos buscar manter essa tradição que o Americano tem em revelar talentos para o país e o mundo afora. Mas sabemos que o resultado é também importante até para formarmos jogadores com mentalidade vencedora — analisou.
O novo técnico reconhece que a estrutura do Americano nos dias de hoje não se compara com as condições de trabalho em sua época.
— Eu falo sempre que eles: o momento é esse, tem de aproveitar a oportunidade neste momento em que o Americano busca se tornar maior do que já é, oferecendo as condições de trabalho que nós temos — afirmou.
Wederson Nunu considera o diálogo e o respeito aspectos importantes para o sucesso na nova carreira. Ele admite que não esperava receber logo o convite para trabalhar no Americano.
— Não esperava assim tão cedo. Depois que parei eu tinha planos de continuar no futebol, mas quem sabe montando uma escolinha. Quando recebi o convite ogo procurei tirar da gaveta muitas coisas, vídeos que gravei e tudo que aprendi, comecei a estudar nas noites e imaginar as situações as experiências que vivi nos treinamentos onde joguei. Independente de conhecimento e da experiência, o respeito e o diálogo são fundamentais. Não sou melhor ou superior, apenas porque sou técnico deles. Busco ser parceiro dos jogadores, tratá-los com respeito para ser respeitado também. Nós somos uma família. A gente passa a maior parte do nosso tempo aqui. Então temos que ter esse diálogo e respeito mútuo— analisou.
Na Turquia, jogou ao lado de nomes consagrados como Roberto Carlos, Alex, Lugano, Edu Dracena, Deivid e Maldonado. A passagem de 12 anos pelo Fenerbache — onde teve Zico como técnico — e outros clubes deixou marcas em Wederson, que morou em Istambul e Ancara, principais cidades turcas
— Sou apaixonado pela Turquia, pelos clubes onde joguei, pelas cidades onde morei. Fui muito bem acolhido naquele país, que é bom para se viver e trabalhar. Pretendo um dia voltar para passear ou mesmo trabalhar. Criei lá minhas quatro filhas. Lá há algumas semelhanças com o Brasil, mas os índices de violência são muito baixos. Uma vez ou outra há esse problema do terrorismo, mas que tem causas externas, não do próprio país — comentou.
A fase era tão boa na Turquia que o campista chegou a se naturalizar turco.
— Estava numa grande fase, quando recebi a proposta para me naturalizar porque havia também a possibilidade de jogar pela seleção do país. Mas tive uma lesão que me atrapalhou — contou.

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