"A Queda: As últimas horas de Hitler" no Cineclube Goitacá
Celso Cordeiro Filho 26/03/2019 18:33 - Atualizado em 28/03/2019 14:06
A interpretação de Bruno Ganz é soberba. Pode ser comprada, por exemplo, aos trabalhos de Robert De Niro, em ‘Taxi Driver’, e Marlon Brando, em ‘Uma Rua Chamada Pecado’. Mas, no entanto, “não foi indicado ao Oscar evidenciando que Hollywood é uma aldeia judaica”. A observação é do jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa que apresentará nesta quarta-feira (27), às 19h, no Cineclube Goitacá, o filme “ A Queda: As últimas horas de Hitler”(2004), de Oliver Hirschbiegel.
O filme mostra Hitler como um ser humano sem a demonização construída pela União Soviética, Inglaterra e Estados Unidos através de intensa propaganda feita pelo mundo afora. “Eu vi este filme num cinema do Rio e confesso que fiquei duas noites sem dormir direito. Não é um filme fácil, mas necessário. Mostra um Hitler como empregador gentil — fazia as refeições com os empregados — tratava bem os animais, enfim, um ser humano normal, que influenciou pessoas cultas, bem formadas. Contudo, havia o lado terrível, a irrealidade, que provocaria a morte de 60 milhões de pessoas durante a II Guerra Mundial. Essas contradições estão presentes”, destacou.
O diretor Oliver Hirschbiegel se baseou em duas fontes para fazer “A Queda: As últimas horas de Hitler”: relato da secretária particular do ditador alemão, Traudl Junge, e o livro “Hitler”, do historiador Joachim Fest. “A partir daí se dá a construção do filme, feito com a câmera no ombro, o que lhe dá um aspecto documental e, ao mesmo, claustrofóbico, porque o relato é a partir do bunker, onde Hitler passou os últimos dias antes de morrer”, acrescentou.
Aluysio lembrou também que Hitler gravava todas as conversas que mantinha. Contudo, as de nível particular determinou que fossem destruídas. Não queria mostrar o seu comportamento no cotidiano, optando por perpetuar a imagem de líder político carismático que dominava as massas. “Porém, anos mais tarde, alguns áudios foram encontrados da República Tcheca e o ator Bruno Ganz teve acesso a elas, o que permitiu ampla pesquisa para composição do personagem. Daí ter enriquecido a sua interpretação, que, repito, é magistral”, salientou. A exibição do filme é uma homenagem ao ator suíço Bruno Ganz, que faleceu no dia 16 de fevereiro. “Ele ficou famoso em ‘Asas do Desejo’, de Win Wenders, mas a sua interpretação como Hitler o consagraria. É um dos grandes momentos do cinema neste milênio”, disse.
Lembrou, ainda, que o Cineclube teve três fases: a primeira, na Faculdade de Medicina, a segunda, no Palácio da Cultura, e a terceira, agora, no Oráculo. “A queda: As últimas horas de Hitler” foi o segundo filme apresentado no Cineclube: “O primeiro foi ‘Cidade de Deus’ por Aristides Soffiati. Assim, volto a apresentá-lo agora por entender que é um filme importante de ser ver neste momento de radicalismo político”, concluiu. O acesso ao Cineclube Goitacá é gratuito e está localizado na sala 507, do edifício Medical Center, na esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio, no Centro da cidade.

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