Matheus Berriel
15/03/2019 22:49 - Atualizado em 22/03/2019 14:18
Desde agosto do ano passado à frente da segunda edição do RJ TV, o jornalista Felipe Sáles, de 37 anos, tem vivido uma fase de novos conhecimentos na profissão. Oriundo das publicações impressas, com trabalhos em alguns dos jornais e revistas mais importantes do país, Felipe aceitou o desafio de sair da zona de conforto para ser editor-chefe telejornal noturno da InterTV Planície, emissora integrante do Grupo Folha de Comunicação. O RJ 2, como é comumente chamado, abrange os municípios de Campos dos Goytacazes, São João da Barra, São Francisco do Itabapoana e Quissamã.
— Eu nunca tinha pisado numa redação de TV. Foi e está sendo muito intenso. Sem proselitismo nenhum, só com a ajuda dos colegas. O jornal não é meu, é nosso. A gente só funciona com todo mundo integrado, um ajudando e pensando pelo outro. Sempre falo isso lá. Só assim que a gente consegue trabalhar direito nesse meio de televisão, porque é uma engrenagem muito louca. Um depende do trabalho do outro, e as coisas só vão funcionando se todo mundo fizer o seu trabalho certinho, de acordo com o pensamento integrado mesmo — disse.
Natural de Campos, Felipe se formou pelo Centro Universitário Fluminense (Uniflu), na antiga Faculdade de Filosofia de Campos (Fafic), e começou a carreira no extinto jornal A Cidade. De lá, migrou para o Sistema Firjan, onde atuou como assessor de imprensa antes de se mudar para o Rio de Janeiro, em 2004. Na capital fluminense, foi repórter dos respeitados O Globo, Extra e do Jornal do Brasil. Atuou também como freelancer, produzindo matérias para revistas como Piauí e Carta Capital.
— Sempre cobri muito polícia e política. Comecei com polícia no Jornal do Brasil, e depois fui enveredando para a política. Acabou que as coisas ficaram meio juntas. Nos últimos anos, também fiz muito comportamento, estava meio saturado, mas deu saudade de polícia e política de novo. Tenho bastante experiência nessas áreas, mas também gosto de comportamento, de matérias mais leves — comentou.
Durante a carreira no jornalismo escrito, Felipe deixou o país para morar por um ano na Irlanda, de onde produziu conteúdo como freelancer para veículos sediados no Brasil. Estão disponíveis na internet, por exemplo, matérias como “Morte anunciada”, sobre o sucesso do obituário em território irlandês; “Terreiro Viking”, sobre um ritual de umbanda que atrai estrangeiros em clima de maior tolerância do que no Brasil; e “Evento mundial celebra um dos livros mais cultuados e menos lidos do mundo”, a respeito de “Ulisses”, romance do escritor James Joyce. As matérias foram publicadas pela Piauí e as versões brasileiras do El País e da BBC, respectivamente.
O retorno a Campos teve um motivo específico: a amizade com uma campista se transformou em namoro, posteriormente em noivado e casamento. E a novidade da vida amorosa acabou solucionando o estresse pela rotina acelerada do Rio de Janeiro, onde Felipe residiu novamente após a volta da Irlanda. “Eu estava meio saturado do Rio. Sempre sonhei em morar lá. Morei, vivi, foi ótimo, mas tudo está muito intenso por lá. O trânsito e tudo mais. E aí, coincidiu de eu começar a namorar uma amiga minha, daqui, e acabei voltando. Foi ótimo para mim”, afirmou.
Na InterTV, o primeiro contato com a mesa de suíte foi assustador. “Achei que fosse ter um AVC. Nesses sete meses, fico feliz por ter sobrevivido, e espero continuar sobrevivendo”, confessou: “Mas, é, acima de tudo, muito divertido. O jornal muda em cima da hora, muitas vezes já no ar, e você tem que atualizar a notícia na hora”. O sucesso de cada edição é fruto da parceria de toda a equipe, em especial com a apresentadora Andressa Alcoforado. “A Andressa é muito parceira, não faço nada sozinho, nem a edição”, comentou Felipe.
Engana-se quem pensa que é simples o processo de montagem das matérias assistidas por milhares de telespectadores. O trabalho coletivo inclui produção e aprovação de pautas, ajustes de textos, definição de personagens e recortes de entrevistas. Tudo para que informação seja passada ao público da melhor forma possível.
— A gente tenta se aproximar ao máximo da comunidade e fazer um jornalismo um pouco mais trabalhado, discutindo as questões que surgem ao longo do dia. Como o jornal é noturno, temos um pouco mais de tempo para trabalhar essas questões, repercutir com especialistas, enfim. Buscamos ficar atentos a tudo o que possa repercutir de fora para cá. Isso acontece o tempo todo. Hoje em dia, o mundo é mais integrado. Está todo mundo meio que junto, cada vez mais, e isso é natural. Outra coisa que a gente tenta é melhorar a autoestima do campista. A gente sente que o pessoal fala muito mal de si mesmo. Acho que a imprensa pode participar (de uma mudança) nesse sentido, buscando valorizar a nossa terra, principalmente a nossa história, que é pouco valorizada por nós mesmos. Temos coisas muito boas aqui, morar em Campos é muito bom, e muitas vezes o campista só olha para fora — enfatizou.