Crítica de cinema - Os herdeiros de Rin-tin-tin
*Edgar Vianna de Andrade - Atualizado em 11/03/2019 19:47
(A caminho de casa) —
Animais domésticos dotados de inteligência apurada podem chegar ao estrelato da fama no cinema. Os principais são os cães. Lembro particularmente o caso de Rin-tin-tin, o primeiro cão a se tornar famoso no cinema. Ele estreou em 1922 como cão herói. Fez ao todo 22 filmes de aventura. Com certa emoção, encontrei a série Rin-tin-tin numa banca de jornal e a comprei para assistir a todos os episódios com atenção. Mais tarde, apareceu Lassie, a cadela heroína seguindo a mesma linha de Rinty.
A relação das pessoas com certos animais comove o público de cinema, notadamente as crianças. Ainda na linha do cão herói, não podemos esquecer de Lobo, o cão companheiro do “Vigilante rodoviário”, série brasileira que marcou época. Aos poucos, o cão herói foi substituído pelo cão dramático. Um dos mais populares filmes de Charles Chaplin é “Vida de cachorro” (1928), mostrando a ligação íntima do eterno vagabundo a um vira-latas. O filme “101 dálmatas” também valoriza cães que vencem uma bruxa malvada que os fez sofrer. “A dama e o vagabundo” transferiu para um casal de cães um forte romance humano.
“Marley e eu” arrancou lágrimas de crianças e adultos pelo sofrimento do cão. “Sempre a seu lado” valorizou a fidelidade canina. Contente com o resultado do dramalhão, Lasse Hallström, seu diretor, voltou à carga com “Quatro vidas de um cachorro”, que enterneceu crianças e adultos. De quebra, agradou espíritas pela reencarnação do espírito do cachorro.
Mateusinho viu
Mateusinho viu / Divulgação
Seguindo a mesma linha de sucesso em filmes sobre cães, Charles Martin Smith dirige “A caminho de casa” com base em obra original de W. Bruce Cameron. O próprio Cameron escreve o roteiro com a colaboração de Cathryn Michon. A cadelinha Bella é o centro das atenções. Como na maioria dos dramas envolvendo cães, o rapaz Lucas (Jonah Hauer-King) e a jovem Olivia (Alexandra Shipp) encontram cães e gatos adultos e filhotes nos destroços de uma casa demolida. A tristeza aparece logo no princípio, com a morte da mãe de Bella e com sua adoção por uma gata. Amor animal.
A cadelinha é adotada por Lucas e sua mãe (Ashley Judd). No original, Bella é dublada por Bryce Dallas Howard. Judd foi uma boa escolha por se identificar com a causa de defesa dos animais. Já grande, os animais são alvo da especulação imobiliária. Particularmente, Bella é caçada pela famosa carrocinha. A cadela vive entre o bem e o mal, obrigando seus salvadores a mudar de cidade.
Começa então a saga de Bella. Escapando para voltar para casa, ela se perde numa floresta e faz amizade com um filhote de puma cuja mãe foi abatida por caçadores. Novamente, ela está entre o bem e o mal. Salva por um casal gay masculino, o filme completa o chavão: mocinhos, bandidos e gays. Nada de novo no dramalhão lacrimoso. Apenas um aspecto me chamou a atenção. Não é difícil amestrar um cão para que ele faça as coisas mais incríveis diante das câmaras. Só não sei que truques foram usados para que gatos se comportassem diante das câmaras. Notadamente, um filhote de puma que cresce foi magistral no seu desempenho. Já não falo de lobos. Eles têm inteligência privilegiada. Mas os felinos são indóceis e instintivos demais para desempenharem papeis.
No mais, o filme não traz novidades. Palmas para os pumas.

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