A Polícia Federal (PF) realizou, nesta quinta-feira, no Rio de Janeiro, operação para apurar tentativas de atrapalhar as investigações da execução da vereadora Marielle Franco e seu motorista, Anderson Gomes. Os crimes ocorreram em 14 de março de 2018 e, até agora, ninguém foi indicado como autor ou mandante. A investigação sobre as causas da morte corre sob sigilo e é conduzida pela Polícia Civil do Rio de Janeiro. Coube à Polícia Federal a parte sobre obstrução nesse trabalho.
De acordo com a PF, “Ressalte-se que as investigações a cargo da Polícia Federal se restringem à identificação de entraves e obstáculos dirigidos à investigação dos crimes, estando a cargo dos órgãos de segurança do Estado do Rio de Janeiro a apuração da autoria, motivação e materialidade de tais eventos criminosos”.
O envolvimento da PF para apurar suspeitas de interferência na apuração do crime foi anunciado em novembro pelo então ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann. Ele confirmou, como havia sido informado pela coluna Radar, que esse era um pedido da procuradora-geral da República, Raquel Dodge. A suspeita era que agentes públicos e milicianos estivessem tentando impedir a solução do caso.
Jugmann afirmou que depoimentos colhidos pelo MPF indicavam essa atuação da quadrilha e demandavam apuração externa à Polícia Civil, o que provocou uma reação de duas associações de delegados fluminenses, o Sindicato dos Delegados de Polícia Civil (Sindelpol-RJ) e a Associação dos Delegados de Polícia (Adepol-RJ).
Para as entidades, Jungmann estava “dando maior credibilidade à palavra do referido criminoso em detrimento de agentes do Poder Público de notória história de combate à criminalidade” e queria faturar politicamente com o caso.
Semana passada, a Anistia Internacional denunciou problemas nas investigações e a falta de respostas dos agentes públicos no caso. “Onze meses depois, as investigações do caso Marielle Franco parecem que estão mergulhadas em um labirinto longe da solução”. (A.N.)