O rompimento da barragem da Vale na última sexta-feira (25) pode ter sido causado por liquefação, problema que só ocorre em sistemas construídos por alteamento a montante, o mesmo da estrutura de Brumadinho (MG), afirmou à Reuters o subsecretário de Regularização Ambiental, da secretaria do meio ambiente do Estado, Hidelbrando Neto. O rompimento da barragem da Vale, na última sexta-feira (25), deixou pelo menos 110 mortos, dos quais 71 foram identificados, e mais de 200 desaparecidos.
No entanto, seria preciso entender por que a liquefação teria acontecido, afirmou o subsecretário, uma vez que dados entregues pela Vale mostram que equipamentos chamados piezômetros não detectaram movimentação de água interna na estrutura.
Neto lembrou que a liquefação, com o maior acúmulo de água na estrutura, foi o motivo apontado para o rompimento de barragem da Samarco (joint venture da Vale com BHP Billiton) em novembro de 2015, que utilizava o mesmo método de alteamento.
A conclusão no caso Samarco foi publicada por autoridades e endossada mais tarde por investigação contratada pelas próprias mineradoras, que apontou causas técnicas para a liquefação, mas não informou culpados.
"Os dois desastres que ocorreram foram com barragens a montante e, nos dois casos, pelo menos tudo indica, que é a informação que a gente está recebendo aqui, é que foi por liquefação", afirmou Neto, pontuando que em outro método de construção de barragens não há liquefação.
A Vale disse que "as causas do rompimento estão sendo investigadas e serão comunicadas com transparência e a maior agilidade possível".
A autoridade destacou ainda que alguns fatores que, por vezes, podem precipitar problemas em barragens não foram verificados.
"Não teve tremor, não teve chuva, que são gatilhos que normalmente tem. Então a pergunta que todo mundo faz é: o que aconteceu? O que causou? E para descobrir isso tem que ter os estudos", afirmou Neto.