Moradores da região norte de Campos dos Goytacazes relatam a saga para conseguir chegar ao Centro da cidade. Usuários contaram que o atendimento do transporte público em Morro do Coco, Santo Eduardo e Santa Maria, atualmente, é realizado por um único ônibus da empresa São João. Além de ônibus lotado, é disponibilizado um único horário para ir e outro para voltar. Nesta quinta-feira (21), cerca de 30 pessoas aguardavam, desde às 17h, o veículo que só sairia da rodoviária às 18h10. O IMTT informou que a nova licitação está marcada para março e a expectativa é de que o novo sistema comece a operar até o final do mês de maio, de forma gradativa.
“Tem dias que eu chego às 16h. É o único jeito de ir sentado”, afirma Pedro Barreto, morador de Santo Eduardo. Uma alternativa seria pegar um ônibus intermunicipal, que atende a linha Campos a Bom Jesus de Itabapoana, mas passagem é cinco vezes mais cara.
— Não existe o que está acontecendo. Apenas um horário para todas as localidades, tem que ficar em pé, vai em um ônibus lotado, que demora muito. Não dá para pagar a passagem intermunicipal que é R$ 14,50. Muita gente já teve que deixar o emprego porque nenhum patrão vai aceitar pagar isso — conta Renato Soares, morador de Morro do Coco.
Por causa do número de passageiros, a viagem acaba se tornando mais longa, afirmam os usuários do transporte. “Eu sou de Santa Maria, vou pegar o ônibus 18h10 e só vou chegar a casa por volta de 20h45”, explica Maria Aparecida. Quem mora na localidade conta que algumas pessoas chegam a andar cerca de cinco quilômetros para tentar pegar o ônibus na chegada de Santo Eduardo. “Demora quase uma hora, caminhando bem”, relata.
O problema existe, segundo os reclamantes, desde de junho de 2018. Desde lá, a empresa que atendia, a São João, já tinha abandonado as linhas, que foram assumidas pela MMM, que também não conseguiu manter o serviço. O atendimento foi retomado pela empresa São João, após acordo com o IMTT, há cerca de um mês.
A Auto Viação São João informou que aguarda algumas soluções que o IMTT se comprometeu em implantar de forma urgente para viabilizar a operação das linhas, principalmente as do interior. “A empresa está trabalhando da melhor forma possível, dentro das condições atuais, para atender à população, e vem operando nas linhas do Norte do município, após a saída da empresa que foi chamada pela Prefeitura para atuar na região e, depois de um curto prazo, abandonou a operação alegando falta de condições financeiras. Deve-se ressaltar que as empresas de ônibus vêm acumulando prejuízos, principalmente devido à concorrência predatória, que prejudica a prestação do serviço à população”, informou em nota.
Também através de nota, o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte (IMTT) informou que “está prevista para março a publicação do edital de licitação para implantação do novo modelo de transporte público no município, que visa integrar o transporte alimentador (representado pelas vans e também, por micro-ônibus, a partir de licitação) aos ônibus. A expectativa é de que o novo sistema comece a operar até o final do mês de maio, de forma gradativa.
— Esse processo foi iniciado no ano passado com a primeira audiência pública sendo realizada no dia 04 de julho. Uma série de audiências públicas foi realizada ouvindo moradores de bairros, distritos e localidades. No final do ano passado, foi aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores a lei criando o novo sistema e, agora, no início deste ano, foram feitos os últimos ajustes e reuniões com as categorias envolvidas. O processo já está na licitação e a previsão é de que o edital seja publicado nos próximos dias — informa o presidente Felipe Quintanilha”.
Mudança - A última etapa para implantação de um novo sistema de transporte público em Campos é a licitação do transporte alimentador, realizado por vans e micro-ônibus, que estava previsto para janeiro deste ano, segundo o Instituto Municipal de Trânsito e Transporte. Depois da mudança, vans deixarão de circular na área central da cidade e passarão a trabalhar na ligação entre os distritos e os terminais de integração. Ao todo, serão seis pontos distribuídos próximo à área central, onde o passageiro pegará um ônibus para o seu destino final. O centro deve ser atendido pelas empresas de ônibus que venceram o edital de licitação em 2015. Já as áreas mais distantes passam a ser atendidas pelo transporte alimentador.
