Chefe de facção e suspeitos de homicídios presos em Guarus
Catarine Barreto, Maria Laura Gomes, Verônica Nascimento e Virna Alencar 20/02/2019 09:21 - Atualizado em 22/02/2019 17:39
As polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal deflagraram nesta quarta-feira (20), a Operação Guadalajara, em combate ao tráfico de drogas no Parque Aldeia, região dividida e com moradores reféns de imposições e conflitos entre facções rivais. Durante a ação, foram cumpridos três dos cinco mandados de prisão expedidos. De acordo com o delegado Pedro Emílio Braga, em uma casa com sistema de monitoramento, foi preso Matheus Andrade Nunes, mais conhecido como Chin, que é apontado como o chefe da facção Amigos dos Amigos (ADA) no bairro. Na disputa entre facções, também no Aldeia 1, um homem foi morto recentemente, suspeito de passar informações à polícia sobre a ação de traficantes. Recentemente, a facção criminosa ADA tomou o Aldeia 1 do Terceiro Comando Puro (TCP).Traficantes ameaçam e impedem a passagem de moradores de uma área por ruas e proximidades da outra, além de proibirem o uso de celulares em vias públicas.
A primeira fase da operação, concentrada na Aldeia 1, região próxima à BR 356 (Campos-Itaperuna), contou com a participação de 40 agentes das polícias Civil, Militar, Rodoviária Federal e do Grupamento de Cães da Guarda Civil Municipal. Batizada de Guadalajara, a operação, segundo o delegado titular Pedro Emílio Braga, foi desencadeada devido ao alto índice de homicídios decorrentes da ação narcotraficante no bairro do subdistrito. Assim como na área conhecida como Faixa de Gaza, no Parque Eldorado, também ocorre conflito entre facções do tráfico de drogas no Parque Aldeia.
Em entrevista coletiva na 6ª Região Integrada de Segurança Pública (Risp), o delegado titular da 146ª DP, juntamente com o subcomandante do 8ª Batalhão de Polícia Militar (BPM), tenente-coronel Marcelo Aredes, ressaltou que a operação terá outras fases, em outras comunidades de Guarus, sempre com o intuito de reprimir o tráfico de drogas, bem como os homicídios decorrentes dessa atividade.
Antônio Leudo
– A ação foi iniciada no Aldeia 1, que, como todo mundo sabe, vem sendo cenário de sangrentos conflitos por domínio de pontos de drogas e onde verificamos homicídios bárbaros apurados pela 146ª DP, no contexto dessa rivalidade. Por isso foi o primeiro local da operação e também porque, recentemente, tivemos acesso a áudios em que traficantes da localidade determinavam que os moradores não utilizassem seus telefones celulares nas ruas da comunidade, como forma de garantir que não houvesse qualquer informação sobre suas movimentações às forças de segurança e, ainda, local onde ocorreu o homicídio de um senhor por suspeitarem que estava passando informações à polícia, fato que não se confirmou como verdadeiro. Aldeia 1 é, no momento, o local de Guarus mais aquecido pela rivalidade de facções – explicou Pedro Emílio.
O delegado também explicou o nome da operação. “É referente à Guadalajara, onde, com um cartel mexicano, nasceu o tráfico na década de 80, que tinha por característica a pulverização de gangues que lutavam pelo domínio dos pontos de venda de entorpecentes; realidade muito próxima ao que verificamos em Guarus. Isso remete à necessidade de sufocar a atuação dessas facções, em seu momento organizativo no Parque Aldeia, para que não evolua e chegue ao nível de Guadalajara”.
Reforço em patrulhamentos – O subcomandante do 8º BPM destacou as estratégias para a redução de índices de homicídios em Guarus, que, conforme a polícia, em sua maioria decorrem do tráfico de drogas. “Aumentamos o efetivo, deslocando policiais de outros pontos para atuação em Guarus e estamos reprimindo, de forma muito ostensiva, em apreensões de drogas e armas, apreendendo qualquer quantidade, ainda que mínima, de entorpecentes, para atingir, todo o tempo, o tráfico. Mudamos a estratégia e conseguimos reduzir o número de homicídios de 14, em janeiro, para dois, em fevereiro, no subdistrito”, contou o tenente-coronel.
Chefe do tráfico preso na operação – Matheus Andrade Nunes foi apresentado pela polícia como o chefe da ADA no Aldeia 1 e, segundo o delegado, outros dois mandados de prisão foram cumpridos. “Chin é 0 atual ‘01’ da facção criminosa na localidade. Inclusive, foi preso em uma casa com um sistema de monitoramento que permitia diversas perspectivas da área e uma vigilância da ação das forças de segurança. Foi uma prisão significante, do chefe de uma facção que impõe sua barbárie, que mata por futilidade, como por achar que pessoas estão fazendo denúncias. Nesse contexto, somente no último trimestre, foram, pelo menos, oito homicídios praticados pela ADA em Guarus e a investigação desses crimes serão priorizados pela 146ª DP”, concluiu Pedro Emílio Braga.
Denúncias – A Polícia Civil solicitou a divulgação de um novo instrumento para ajudar nas investigações, o Disque-denúncia da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus). “Pelo telefone 99701.3300, qualquer cidadão pode nos ajudar, informando sobre drogas, armas, foragidos. A denúncia pode ser anônima, feita por número restrito, por WhatsApp. O número não será acionado pela polícia, nem a pessoa que informou chamada como testemunha em nenhuma situação. Garantimos o sigilo, mas contamos com a cooperação da sociedade, porque segurança é dever de todos”, disse o delegado titular da DP de Guarus.

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