Arboviroses devem ser prevenidas
Camilla Silva 16/02/2019 18:24 - Atualizado em 18/02/2019 15:17
Antônio Leudo
As doenças transmitidas por mosquitos continuam no centro da atenção das entidades que atuam na área da saúde. Nesta semana, a Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou o alerta sobre a febre amarela no Brasil. Com pelo menos 36 casos da doença e 8 mortes confirmados em humanos, no período entre dezembro de 2018 e janeiro deste ano, o Brasil pode estar vivendo uma terceira onda de surto da doença. Os casos se concentram em Paraná e São Paulo. Em Campos, o departamento de Vigilância em Saúde explica que o município não possui foco de febre amarela, nem casos registrados da doença. Mais de 277 mil pessoas já se vacinaram contra a doença na cidade e postos continuam realizando a imunização, que está abaixo da meta do Ministério da Saúde. Enquanto isso, no Centro de Referência de Doenças Infecciosas (CRDI), no Centro de Campos, cerca de 80 pessoas procuram atendimento por dia com suspeita de chikungunya. Dengue e zika seguem controladas.
Segundo a Secretaria de Estado de Saúde, nenhum caso de febre amarela em humanos foi registrado no estado do Rio de Janeiro no ano de 2018, mas 19 municípios tiveram casos confirmados da doença em macacos. Segundo o órgão, nenhum deles fica na região Norte e Noroeste Fluminense. “Vale lembrar que o macaco não transmite a doença. Ele é também vítima do mosquito e serve de alerta para identificar a presença do vírus em determinado local”, explica o órgão em nota. Já a secretaria de Saúde de Campos informou que executa ações para o controle do vetor como análise das áreas com primatas, através do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
Em 2017, quando a região Norte e Noroeste Fluminense foi mais afetada pela doença, nenhum caso da doença foi registrado em humanos em Campos, mas causou a morte de um macaco, na região do Imbé. Naquele ano, 259.307 pessoas foram vacinadas. O número subiu para 277.464 em 2018. Segundo dados do Ministério da Saúde, apesar das regiões Sul e Sudeste do país já fazerem parte da área de recomendação para a vacina, todos os estados ainda registram coberturas abaixo da meta 95%. O departamento de Vigilância em Saúde de Campos informou, ainda, que doses de imunização ainda estão disponíveis em salas de vacinação do município, que são: Centro de Saúde, UBS Aldeia, Alair Ferreira, Baleeira, CRTCA I e II, Custodópolis, Carvão, Dores de Macabu, Conselheiro Josino, Centro de Saúde de Guarus, Eldorado, Félix Miranda, Lagamar (Farol), UPH Santo Eduardo, Centro de Saúde, UPH Ururaí, UPH São José, UPH Travessão, IPS, Lagoa de Cima, Mata da Cruz, Morangaba, Morro do Coco, Murundu, Novo Mundo, Parque Prazeres, Ponta da Lama, Ponta Grossa, Parque Aurora, Penha, Poço Gordo, Santa Maria, Santos Dumont, Santa Helena, São Sebastião, Santa Cruz, Santo Amaro, Saturnino Braga, Sentinela do Imbé, Tapera, Terra Prometida, Tocos, Venda Nova e Vila Nova.
Doença - A febre amarela é uma doença infecciosa febril aguda. Há duas formas de transmissão de febre amarela: silvestre e urbana. As duas são causadas pelo mesmo vírus, mas se diferem pelo vetor de transmissão. A febre amarela silvestre é transmitida através da picada de mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira dos rios. A febre amarela urbana é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o que não ocorre no país desde 1942. Para evitar que isso volte a ocorrer, o Ministério da Saúde recomenda ações na área de vacinação e de combate ao mosquito.
Campos tem 518 casos de chikungunya
Até o fechamento da edição, 518 casos de chikungunya foram confirmados em 2019, no município de Campos, segundo o CRDI. Este ano foi registrado, ainda, 1 caso de dengue e nenhum de zika. A quantidade de casos é quatro vezes menor do que em junho do ano passado, quando o município chegou a registrar 2.065 casos de chikungunya. Na ocasião, foi decretada situação de emergência por causa do surto da doença no município. Apesar da diminuição do número de casos, cuidados continuam necessários. Quem foi infectado pela doença relata uma rotina de muita dor.
— Dói tudo, até a ponta dos dedos. Esta semana meu pescoço está bem prejudicado. Hoje (sexta) é a terceira vez que eu venho para fazer revisão. Faz um mês que tentar aliviar um pouco a dor é a minha rotina — afirma Terezinha Rangel, de 88 anos. Ela é moradora do IPS e afirmou que alguns vizinhos também apresentam sintomas parecidos.
Quem também procurou o centro na última sexta foi Alexandra Barreto. Ela contou que enfrenta a doença há cerca de dois anos e esperava o resultado de mais um exame. “Eu tenho o tipo crônico, não tenho nenhuma previsão de alta. Realmente, todo o cuidado é importante para evitar a doença porque é muito difícil viver com chikungunya. Ela me afeta principalmente na barriga. Sinto muita dor e às vezes ânsia de vômito por causa dela”, contou.
Mutirões serão realizados em bairros
Além da vacina, o modo de evitar a febre amarela é impedir o nascimento do mosquito Aedes aegypti, que poderia transmitir a doença e que, também, é vetor da chikungunya, dengue e zika. O município de Campos informou, nesta semana, que conseguiu alcançar o menor índice de infestação do Aedes aegypti dos últimos dois anos. “No ano passado, os resultados do LIRAa foram: 3,2; 3,6; 6,10; 3,7 e 2,6. Já o primeiro levantamento em 2017, apontou índice de 1,8, seguido de: 1,5; 2,7 e 1,3 em novembro. Em geral, são realizados quatro levantamentos por ano, em períodos determinados pelo Estado”, informou o órgão em nota, além de ressaltar a importância de ações que acabem com criadouros do mosquito.
— Apesar do resultado deste primeiro LIRAa ter sido muito satisfatório, não podemos descuidar da prevenção em nenhum momento, visto que ainda não estamos no período chuvoso, onde o índice de infestação tende a aumentar — concluiu o diretor do CCZ, Marcelo Sales.
Amanhã, será realizado mutirão no Parque João Maria, Pelinca, Sumaré, Km 15, São José e Tapera. No dia 19, os agentes percorrerão os bairros Pelinca, Benta Pereira, Caju, Km 15, São José e Tapera. As ações de combate ao mosquito começaram na última sexta. Nelas, agentes de endemias visitam residências de todo o município.

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