Camilla Silva
09/02/2019 16:28 - Atualizado em 12/02/2019 17:29
O motorista que enfrenta o horário de saída do trabalho, em Campos, precisa ter paciência. O problema piora se ele tiver que passar pelo trecho urbano da BR 101, privatizada em 2008. À cidade, que tem uma frota de mais 231 mil veículos, segundo o Departamento de Trânsito do Rio de Janeiro (Detran-RJ), soma-se o tráfego pesado da rodovia. A estrada do contorno, que foi apontada pela Arteris Fluminense como a solução definitiva para o problema, teve novo traçado anunciado em 2013, mas, até o momento, não saiu do papel. A Agência Nacional de Transporte Terrestre (ANTT) informou que aguarda a concessionária entregar o projeto funcional da obra. Já a Arteris Fluminense informou, em nota, que trabalha para a apresentação das informações solicitadas pela agência reguladora, assim como em todas as providências para viabilizar a aprovação das obras do Contorno de Campos.
Também em nota, a ANTT informou que, “por meio da sua Gerência de Fiscalização e Investimentos de Rodovias (Gefir), órgão da Superintendência de Exploração de Infraestrutura Rodoviária (Suinf), encaminhou em final de dezembro passado, um ofício para a concessionária Autopista Fluminense, solicitando apresentação de projeto funcional do contorno de Campos dos Goytacazes/RJ – BR-101, obra prevista no Programa de Exploração da Rodovia (PER), como de ampliação de capacidade. Assim, a Agência aguarda a apresentação do projeto por parte da concessionária”.
Inicialmente, o traçado do contorno em Campos começaria no km 51 da rodovia, em Guarus, e terminaria em Ibitioca, no km 84, mas, após uma reunião no início do ano passado, envolvendo o setor empresarial e a sociedade civil organizada de Campos, foi solicitado o aumento de seis quilômetros no traçado do contorno, que passaria a ser em Travessão.
Na última semana, o deputado federal Wladimir Garotinho (PRP) esteve no órgão para discutir o problema. “Me reuni com o diretor-geral da ANTT, Mário Rodrigues, para tratar de gargalos no trecho da BR 101 que corta os municípios da região Norte e Noroeste do Rio. O principal pedido é o início do contorno rodoviário de Campos, obra estruturante e fundamental para o desenvolvimento e geração de empregos. Já agendamos uma próxima reunião com a presença de técnicos junto com a concessionária para resolver a questão”, relatou.
A demanda pela obra é antiga e já foi encampada por vários políticos da região, como o deputado federal Paulo Feijó (PR) e a deputada federal Clarissa Garotinho (Pros), quando ainda era membro da Alerj.
A obra também é uma reivindicação antiga do empresariado da região, já que a conclusão do desvio facilitaria o deslocamento das cargas. Segundo um levantamento da Firjan Norte Fluminense, hoje um caminhão chega a levar duas horas de onde iniciaria o contorno até Travessão, onde terminaria. Esse trecho poderia ser feito em 20 minutos.
Paulo Mendonça é engenheiro e afirma que faz a viagem entre a cidade de Vila Velha e Casimiro de Abreu com frequência e reclama da falta da iniciativa dos responsáveis. “Não faz sentido ter que passar dentro de Campos para seguir viagem para o Espírito Santo. Além de tudo, tem as pontes que ligam a cidade, o trânsito fica complicado. Iconha é muito menor e já estão fazendo um viaduto para tirar o fluxo de dentro da cidade. Aqui essa história não desenrola”, afirmou.
Empresa iniciou operação há 11 anos
Ao todo, são 322 quilômetros da rodovia BR 101 RJ/Norte, no trecho que liga a cidade de Niterói até Campos, fazendo divisa com o estado do Espírito Santo, que foram privatizados. A Arteris Fluminense foi a vencedora do processo de licitação e começou a operar no ano de 2008. Segundo dados da empresa, aproximadamente, 8,5 milhões de habitantes vivem próximos à rodovia, que recebe mais de 110 mil veículos por dia. Dentre as intervenções já realizadas, está a duplicação de 126 quilômetros da BR 101, concluída entre as cidades de Campos e Macaé e Casimiro de Abreu e Rio Bonito. Outros 46 estão sob licenciamento ambiental. “Além de proporcionar mais segurança aos usuários, a duplicação da BR 101 também colabora para redução do tempo de deslocamento entre a capital e o Norte Fluminense. Com as pistas duplicadas, a velocidade regulamentada neste segmento passou de 80 para 100km/h, uma redução de até 30% no tempo de deslocamento”, informou a concessionária.
A Autopista informou, ainda, que em todo o trecho foi realizada a construção de 36 passarelas, 11 pontes e 12 viadutos; outros cinco estão em obras. Para os veículos de carga, foram construídos dois postos de Pesagem, um deles em Campos, no km 97. O total de investimento previsto, segundo a Arteris, é de R$ 5,6 bilhões, sendo R$ 2,5 bilhões investidos entre 2008 e 2016 e R$ 3,1 bilhões até o final da concessão, previstos na PLP (Investimentos de longo prazo).
Duplicação refletiu na segurança da BR
O número de acidentes na BR 101 e vítimas fatais decorrente deles diminuiu desde 2012, quando foram registrados 4586 incidentes e 195 mortes. No ano passado, segundo a concessionária, foram registrados 3.017 acidentes, 1.776 feridos e 74 mortes na BR 101 RJ/Norte entre a divisa RJ/ES e Niterói. Desde a concessão, algumas ações foram realizadas para evitar acidentes no trecho urbano da rodovia. No Parque Rodoviário, um semáforo foi instalado em cumprimento de uma determinação da Justiça Federal, em agosto do ano passado. O dispositivo é utilizado para que pedestres possam atravessar a rodovia com segurança. Jocenir da Silva trabalha em uma das margens da rodovia e pega condução na outra. Ela afirma que a sinalização melhorou a situação dos pedestres que precisam passar atravessar no trecho.
— Antes era realmente perigoso. Eu costumava esperar algum caminhoneiro, porque geralmente, eram eles que reduziam para um pedestre passar. Mas sempre tinha o risco de quem estava na outra faixa não esperar. Agora eu passo mais tranquilo. É só apertar o sinal e esperar — relata.
A concessionária informou que na região de Campos, com o objetivo de intensificar a regulamentação de velocidade máxima nesses locais, instalou dez displays eletrônicos de velocidade, sendo quatro fixos monitorando ambos os sentidos no km 48 (Travessão), km 57 (Parque Aeroporto), 62 sul (IFF), além de quatro móveis — no formato carretinhas— monitorando ambos os sentidos do km 71 (Tapera) e o km 84 (Ibitioca).