Virna Alencar
07/02/2019 15:36 - Atualizado em 11/02/2019 16:01
A Polícia Civil de São Fidélis investiga a causa da morte da bebê Mirela Azevedo Roque, no Hospital Armando Vidal, no município, na manhã de domingo (3). Segundo o delegado titular da 141ª Delegacia de Polícia (SF), Carlos Augusto Guimarães, a unidade de saúde alega que a criança foi retirada morta da barriga da mãe, enquanto o médico no Instituto Médico Legal (IML), em Campos, que atestou o óbito, disse que a menina chegou a respirar ao nascer.
O caso foi registrado pelo pai da criança, Paulo César Roque, de 49 anos, na última segunda-feira (5). Segundo a tia do bebê, Mônica Azevedo, de 36 anos, a irmã Michele Azevedo Teixeira, de 33, entrou em trabalho de parto, por volta das 7h30 de domingo, sendo encaminhada ao Centro Cirúrgico do hospital às 10h30, quando foi operada por um médico que foi solicitado no local. Ela denunciou as condições do hospital. "Não tinha médico pediatra no momento do parto. Uma enfermeira do plantão que prestou os primeiros socorros e liberou o corpo da unidade, que também não conta com uma UTI Neonatal. Nossa primeira preocupação foi do bebê não ser enterrado como indigente. Agora a família denuncia as condições do hospital. Quem entra no hospital não sabe se vai sair vivo ou morto".
De acordo com o delegado responsável pelas investigações, a criança foi registrada com base na documentação do IML, já que o hospital não emitiu a Declaração de Nascido Vivo (DNV).
“O caso foi registrado na delegacia do município até porque o procedimento é necessário para fazer a remoção do corpo para o IML. O caso está sendo investigado na delegacia e estamos aguardando o laudo do IML completo para saber a causa da morte da criança, em que circunstancias ela teria respirado. O médico teria dado uma entrevista dizendo que realizou uma manobra de reanimação, o que seria inconcludente, até porque, se a criança teria nascido morta, o que justificaria o procedimento? Se ela respirou, nasceu com vida”, questionou.
Carlos Augusto informou, ainda, que a partir do laudo do IML será investigado se houve erro médico, imperícia ou falsidade ideológica na atestação do hospital sobre o nascimento sem vida da criança.
“Vamos apurar se houve algum fato penalmente relevante. A causa da morte pode ser jurídica, podendo ser de três espécies: natural, criminosa, suspeita – quando não se sabe nem se é natural ou criminosa. Nos próximos dias, a equipe médica poderá ser chamada para prestar esclarecimentos na delegacia, assim como ser pedido uma consulta aos médicos do IML”, concluiu.
O corpo foi liberado nessa quarta-feira, por volta das 15h, por meio de ordem judicial. O enterro aconteceu por volta das 14h desta quinta-feira, no cemitério do município. Mirela é a primeira filha do casal. A família reside em Colônia, 4º distrito de São Fidélis.
De acordo com a Prefeitura de São Fidélis, o hospital recebe recursos do Executivo municipal por meio de convênio e do Sistema Único de Saúde (SUS), no entanto, possui administração própria. A Folha da Manhã tentou contato com a unidade, por meio do presidente do hospital, Felipe Mocaiber, mas não obteve sucesso.