Jane Ribeiro
15/02/2019 23:30 - Atualizado em 18/02/2019 15:48
Mal voltou a funcionar e o relógio da Catedral do Santíssimo Salvador, em Campos, terá de ser acertado novamente. Mas não é por nenhum defeito. É que à 0h de sábado para domingo os ponteiros do histórico relógio e todos os outros terão de ser atrasados em uma hora no Rio de Janeiro, em outros nove estados e no Distrito Federal com o final do horário de verão.
Criado com o objetivo de gerar economia de energia elétrica durante o período de pico no consumo, o horário de verão está longe de ser uma unanimidade nacional. Pelo contrário, ele é amado por muitos que gostam e podem aproveitar uma hora a mais de sol por dia, porém,tantos outros que acordam bem cedinho também detestam o horário diferenciado por causa do prolongamento da madrugada. O fato é que a partir de domingo, todos os estados das regiões Sudeste, Sul, Centro Oeste e Nordeste do país estarão seguindo a mesma hora de Brasília.
A medida foi adotada no Brasil pela primeira vez em 1931, mas é permanente desde 2008. Historicamente, adiantar o relógio em uma hora significa reduzir a demanda de energia no horário de pico, entre 18h e 21h, quando boa parte da população chega a casa e aciona equipamentos eletrônicos. No entanto, mm 2018, o Ministério de Minas e Energia realizou estudos em parceria com o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre a economia do horário de verão para o setor elétrico. As conclusões foram de que a influência da mudança nos relógios era quase neutra.
— A aplicação da hora de verão, nos dias de hoje, não agrega benefícios para os consumidores de energia elétrica, nem tampouco em relação à demanda máxima do sistema elétrico brasileiro, muito em função da mudança evolutiva dos hábitos de consumo e também da atual configuração sistêmica do setor elétrico brasileiro — disse o ministério, em nota.
A pasta diz ainda que realizará novos estudos, sobre o período de 2018-2019, que serão encaminhados ao presidente, “a quem cabe a decisão de manter ou não o horário brasileiro de verão”. Segundo pesquisa do Datafolha de setembro de 2017, 56% dos brasileiros que moram no Sul, Sudeste e Centro-Oeste, onde o horário de verão é adotado, consideram a medida positiva. Para 38% o horário de verão é ruim e, para 5%, a questão é indiferente.
Enquanto isso, as opiniões divididas continuam. Alguns lamentam o fim do horário de verão, enquanto outros lamentam. Esse é o caso da estudante de direito Carolina Paes. Segundo ela, a adaptação não é nada fácil. “Para dormir é complicado. As pessoas pensam que vão ganhar uma hora, acabam ficando acordadas uma hora a mais e perdem o controle do horário de ir dormir. Acabam dormindo menos de sábado para domingo e de domingo para segunda-feira”, disse.
Já o motorista Carlos Pereira prefere os dias mais longos. “Adoro o horário de verão, os dias são mais longos e a impressão que temos é que dá tempo de fazer tudo o que a gente quer na rua”, contou.