Matheus Berriel
26/02/2019 19:29 - Atualizado em 01/03/2019 18:17
O publicitário Felipe Fernandes, crítico de cinema da Folha da Manhã, apresenta nesta quarta-feira (27) no Cineclube Goitacá o filme “Ed Wood” (1994), dirigido pelo estadunidense Tim Burton. A comédia dramática biográfica conta em 127 minutos a história do cineasta Edwards Davis Wood Jr., também natural dos Estados Unidos, que por muito tempo foi considerado o pior diretor da história. Atualmente, seus filmes são considerados cult. A sessão está marcada para as 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, localizado à esquina das ruas 13 de Maio e Conselheiro Otaviano, no Centro de Campos. Entrada franca.
Este será o primeiro filme do Cineclube Goitacá após ter recebido, na semana passada, o aclamado “Roma”, então favorito à principal estatueta do Oscar, que acabou sendo desbancado por “Green Book: O Guia”. Na ocasião, o longa-metragem apresentado pelo jornalista e poeta Aluysio Abreu Barbosa, diretor de redação da Folha da Manhã, foi aplaudido pelo público e provocou um longo debate. Felipe, que estava na plateia, espera que a atração de hoje repita o sucesso, apesar das grandes diferenças entre as obras:
— O debate é sempre o melhor momento do Cineclube. É curioso que grandes filmes, em algumas oportunidades, não geraram grandes debates, mas acredito que “Ed Wood” vá tocar a todos que gostam de arte e de boas histórias. É um filme completamente diferente de “Roma”, a proposta é outra. Mas, esta é uma das qualidades do Cineclube: a pluralidade não só dos filmes, mas também dos participantes. Acredito que “Roma” tenha causado uma catarse muito grande na maior parte do público. Esta característica, “Ed Wood” não tem, mas certamente vai provocar risos. É um filme menos ambicioso e mais divertido. Em comum, falam de memórias, retratam o passado, mas em ocasiões, com objetivos e resultados completamente diferentes — explicou Felipe.
Vencedor do Oscar de 1995 nas categorias de melhor ator coadjuvante, com Martin Landau, e melhor maquiagem (Rick Baker), “Ed Wood” está relacionado à paixão pela prática cinematográfica e os bastidores das produções. “Minha motivação para exibi-lo foi o equilíbrio entre o humor e essa relação com o fazer cinema, repleto de metalinguagens, com tudo realizado por uma trupe de personagens desajustados”, pontuou o apresentador da noite.
Na história, Ed Wood é um jovem que sonha em ser cineasta e se tornar o próximo Orson Welles. Numa visita a um estúdio, acaba conhecendo Béla Lugosi, o eterno Drácula dos clássicos dos anos 1930, com quem começa a produzir filmes, acompanhados por outras pessoas bastante peculiares.
— O tema central do longa é essa paixão pelo cinema. Trata-se de uma comédia divertida, repleta de humor negro, mas que trata de personagens que levam uma vida difícil e têm o cinema como uma forma de sair daquela situação. Tecnicamente, o filme tem um ritmo muito agradável. A reconstrução daquele universo dos estúdios antigos, dos sets de filmagem dos filmes B e a recriação das cenas da época são incríveis. O elenco também está muito bem, com destaque para o jovem Johnny Depp, quando ainda não estava no piloto automático, e para a inesquecível atuação de Martin Landau. É um filme com potencial para fazer rir e emocionar. Na minha opinião, o melhor trabalho do Tim Burton — enfatizou Felipe.
Em relação à carreira do Ed Wood, o crítico é contrário à fama de pior diretor de todas as épocas:
— Esse status é complicado. Não gosto de rotular ninguém como melhor ou pior em algo, ainda mais em cinema, que tem tanta produção de qualidade duvidosa. De fato, os filmes de Ed Wood são filmes B, produções de baixo orçamento, feitas a toque de caixa e com pouco cuidado em diversos aspectos. Porém, hoje vão além da curiosidade, inegavelmente fazem parte da história do cinema.