Matheus Berriel
12/02/2019 19:11 - Atualizado em 07/05/2019 19:08
Tombado pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam), o prédio do antigo Hotel Flavio será comercializado. Uma placa de venda foi colocada nesta terça-feira (12) no imóvel. Em junho do ano passado, parte da estrutura interna desabou. Existe uma preocupação coletiva em relação às condições do prédio, que precisa ser reformado.
O artigo 27 da lei municipal nº 8.487/2013, que regulamenta o Coppam, prevê que o “deslocamento ou transferência de propriedade do bem móvel tutelado, protegido/preservado e/ou tombado deverá ser comunicado, previamente, ao Coppam e à secretaria municipal de Obras, Urbanismo e Infraestrutura, através da superintendência de Obras e Urbanismo, pelo proprietário, possuidor, adquirente ou interessado”. A atual presidente do Coppam, Cristina Lima, não se opôs à venda. Contudo, informou que ainda não foi comunicada sobre o negócio:
— Até o momento, não fui comunicada. Colocaram uma placa, porque os herdeiros estão querendo vender. Mas, eu acredito que não tenha sido concretizada nenhuma venda. Quando o negócio estiver perto de se concretizar... Vender, todo mundo pode. Só não pode descaracterizar. Precisa ser feita a preservação do (prédio) original. Mas, até agora não fomos comunicados sobre venda — informou Cristina, ressaltando que os representantes do Coppam vão acompanhar o negócio quando forem oficialmente informados.
Via superintendência de Comunicação da Prefeitura, Cristina Lima reforçou que cabe ao Coppam “acompanhar se vão ser preservadas as características originais do prédio, avaliar o projeto desenvolvido pelo possível novo proprietário e cobrar planta para definir autorizações, se necessárias, caso o imóvel seja vendido”. Uma vez feita a venda, uma declaração deve ser emitida pelo órgão, explicando ao novo proprietário sobre a necessidade de manter as características originais.
Nesta terça-feira, as ligações feitas pela reportagem ao número de telefone presente na placa de venda não foram atendidas. No último dia 11 de dezembro, em reunião no Coppam, um representante da família proprietária do Hotel Flávio foi questionado sobre as medidas para proteger o imóvel das chuvas de verão.
— Já tenho um contato agendado com uma imobiliária e espero avançar na negociação. O mais importante agora é acertar logo a construção de uma estrutura tubular, com telhas transparentes, para evitar que a chuva comprometa ainda mais as estruturas. Vou tentar a negociação e manter o Conselho informado — explicou na ocasião Paulo Marques de Mendonça Lima, sobrinho de Zilda Carneiro da Silva, antiga dona do prédio, já falecida. Segundo Paulo Marques, antes do desabamento de parte da estrutura interna, a recuperação total do prédio havia sido avaliada entre R$ 4 milhões e R$ 5 milhões, valor que provavelmente aumenta devido ao estado atual.
Em nota, a Prefeitura disse que “a responsabilidade é do proprietário, que está ciente sobre os procedimentos que devem ser adotados para garantir a preservação do prédio e a segurança, conforme informado durante reunião do Coppam. Todas as ações estão sendo acompanhadas pelo Ministério Público Estadual (MPRJ)”. O poder público não respondeu se teria interesse em comprar o imóvel.
Localizado na rua Carlos de Lacerda, no Centro de Campos, o prédio do antigo Hotel Flávio é remanescente do século XIX e está ligado à família do histórico comendador José Carneiro da Silva, o Visconde de Araruama. A última reforma ocorreu no final da década de 1990. Em 2013, a Defesa Civil encaminhou ao MPRJ um laudo informando as condições do prédio. Na ocasião, o Coppam também denunciou junto ao MPRJ a má conservação do prédio.