Atire a primeira pedra quem nunca teve a sensação de o mundo estar desabando sobre sua cabeça. Seja na vida ou na arte, ninguém escapa de uma má fase. Muito menos o mocinho Rafael (Carmo Dalla Vecchia), de “Malhação — Vidas brasileiras”. Após vencer a luta contra o alcoolismo e se reconciliar com o filho, Márcio (André Luiz Frambach), com quem tinha problemas de relacionamento ocasionados por conta de sua dependência, mais uma enxurrada de problemas toma conta do dia a dia do diretor da ONG Percurso. A notícia de que Solange (Fernanda Paes Leme) decidiu cortar metade das bolsas de estudo dos alunos do Sapiência cai como uma bomba e faz com que ele tome a difícil decisão de vender a sede de sua instituição para arcar com as mensalidades. A partir daí, é humilhado pelo primo, Tarcísio (Ângelo Paes Leme), que propõe comprar o espaço por um preço irrisório. Como se não bastasse, o namoro com Gabriela (Camila Morgado) fica abalado depois que um segredo do passado vem à tona.
— É o inferno astral do Rafael! Tirando o alcoolismo, tudo o que poderia haver de problema para ele enfrentar aparece neste momento — diz Carmo, de 47 anos.
Até um inusitado triângulo amoroso está reservado para mexer com a cabeça do diretor da ONG. Solange, pivô da crise financeira de Rafael e que jamais mereceu um olhar com segundas intenções por parte dele — embora, ela jure o contrário —, será vista com outros olhos.
— Todo mundo já deve ter encontrado aquela pessoa que acredita que você está a fim dela, mas que, na verdade, você nunca olhou. Essa é Solange. Mas ela não é uma vilã. Apenas está na solidão e toma decisões equivocadas. Quando o relacionamento do Rafael com Gabriela entra em crise, Solange se aproxima, diz que estava louca e revela que tem um lado bom — conta o intérprete.
Fora da ficção, Carmo já cruzou com algumas “Solanges”, ou seja, com mulheres que se apresentaram para ele de uma maneira, digamos, equivocada:
— Quando fiz a “Paixão de Cristo de Nova Jerusalém” (2007), uma fã, que estava hospedada no mesmo hotel que eu, disse que tinha um presente para me dar que estava no quarto dela. Fui até lá meio sem graça, mas não entrei e me sentei do lado de fora. No dia seguinte, ela estava chorando por eu não ter realizado as expectativas dela — recorda.
No baú de lembranças do ator, ele encontra mais material para entender o comportamento da Solange de “Malhação — Vidas brasileiras”.
— Uma fã me perseguiu durante uma temporada no teatro e outra me mandava mensagens dizendo que o meu nome não era Carmo, era Rian, e que eu era pai do filho dela — diverte-se.
Carmo ainda lembra outros casos, mas prefere ficar somente nos já relatados. “Já é demais para minha paciência”, completou. (A.N.)