Um dia após o deputado reeleito Jean Wyllys (Psol) declarar que vai desistir do mandato e morar fora do Brasil por causa de ameaças que tem sofrido, o vice-presidente general Hamilton Mourão (PRTB) classificou o caso como um “crime contra a democracia”.
— Quem ameaça parlamentar está cometendo um crime contra a democracia. Uma das coisas mais importantes é você ter sua opinião e ter liberdade para expressar sua opinião — disse Mourão.
O vice afirmou ainda que deputados representam cidadãos e devem ser respeitados. Para ele, ideias defendidas por parlamentares devem ser ouvidas, mesmo por aqueles que não gostam do político. “Os parlamentares estão ali, eleitos pelo voto, representam cidadãos que votaram neles. Quer você goste, quer você não goste das ideias do cara, você ouve. Se gostou bate palma, se não gostou, paciência”, acrescentou.
O jornal O Globo revelou nesta sexta-feira o conteúdo de algumas das ameaças que o parlamentar recebia pelas redes sociais, no e-mail e telefone do gabinete em Brasília, ou no e-mail pessoal.
Uma das mensagens recebidas por Jean dizia: “Você pode ser protegido, mas a sua família não. Já pensou em ver seus familiares estuprados e sem cabeça?”
Poucos dias depois, o mesmo remetente enviou para o e-mail de Wyllys e de seus irmãos dados como endereços de todos, placa de carros o deputado já teve entre outras informações que mostravam conhecimento sobre a família.
Em março de 2017, por exemplo, a ameaça continha também seus dados pessoais. “Vamos sequestrar a sua mãe, estuprá-la, e vamos desmembrá-la em vários pedaços que vamos te enviar pelo Correio pelos próximos meses. Matar você seria um presente, pois aliviaria a sua existência tão medíocre. Por isso vamos pegar sua mãe, aí você vai sofrer”.
Também nesta sexta, o deputado acusou o governo brasileiro de omissão. “Viver sob escolta por conta de ameaças e viver sob constante difamação, que era como estava vivendo, não é viver plenamente. O relatório da CIDH (Comissão Interamericana de Direitos Humanos, da Organização dos Estados Americanos) da OEA (Organização dos Estados Americanos) é claro e contundente em denunciar a negligência do Estado brasileiro em relação aos ataques a mim. A medida cautelar foi simplesmente ignorada pelo Estado brasileiro”. (A.N.)