O deputado federal reeleito Jean Wyllys (Psol) anunciou, nessa quinta-feira (24), que vai abdicar do novo mandato e ficar fora do Brasil depois de ter recebido ameaças de morte. Homossexual assumido, Jean tinha como principais bandeiras pautas relacionadas às causas LGBT e para minorias. De acordo com a Secretaria-Geral da Câmara, quem assume o lugar será vereador carioca David Miranda (Psol), primeiro suplente da coligação e também ativista.
— O (ex-presidente do Uruguai) Pepe Mujica, quando soube que eu estava ameaçado de morte, falou para mim: ‘Rapaz, se cuide. Os mártires não são heróis’. E é isso: eu não quero me sacrificar”, disse Jean Wyllys em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo.
Ainda ao jornal, o deputado disse que o Psol reconhece que ele se tornou um “alvo” e apoiou a decisão dele de não retornar ao Brasil. A assessoria do parlamentar afirmou que há uma campanha “muito pesada” contra o deputado, que dissemina conteúdo falso sobre ele na internet o associando, por exemplo, à pedofilia, ao casamento de adultos com crianças e à mudança de sexo de crianças.
Wyllys explicou que volume de ameaças aumentou após o assassinato da vereadora carioca Marielle Franco (Psol), em março do ano passado, e que, desde então, ele precisava andar de carro blindado e com escolta de seguranças armados.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM), divulgou uma nota na qual disse lamentar a decisão de Jean Wyllys de não tomar posse para o novo mandato. Maia acrescentou, na nota, que ninguém pode ameaçar um deputado federal e “sentir-se impune”.