Neste domingo de janeiro, de verão, sol e calor escaldantes – para não falar nas férias próprias do mês – pondero se não seria mais apropriado publicar matéria menor que a de costume, cujo conteúdo usual privilegia os textos – ainda que via de regra subdivididos e ‘departamentados’ –, em detrimento da imagem, geralmente uma fotografia.
Penso que sim. Afinal, apesar da leitura ter seu lado de lazer e ser ainda mais oportuna em dias de domingo – num calorão desses ninguém quer sair da piscina, da praia ou mesmo do chuveirão, para encarar textos longos que exigem maior atenção.
E veja só: consequência do cacoete de jornalista sem intimidade com a valiosa capacidade de síntese, já foram gastas linhas e linhas sem nem mesmo se entrar no assunto.
Fazer o quê? Quem sabe, sabe; quem não sabe, passa vergonha.
Mas, de todo jeito, o tema que se pretende aqui abordar teria mesmo que ser desdobrado em outros textos não apenas pelo tamanho como, também, por conter faces, não só similares como distintas, de uma questão sobremaneira complexa. Assim, desde logo, convido o leitor para que leia na semana que vem o que hoje – pelo andar da carruagem (ou pelo tamanho desta) – não vai muito além de um enunciado.
Então... (enfim) dando uma rápida passada de olhos pelos 20 dias do governo Bolsonaro, vejo frequentes os noticiários sobre as informações desencontradas do primeiro escalão; do presidente dizer uma coisa, sua equipe outra, e ora um, ora outra, voltarem atrás; de medidas que apressadamente foram anunciadas sem que se confirmassem; e de interminável bate-cabeças para uma administração que mal começou. Ou, melhor dizendo, começou mal.
Não se esperava (nem em rápida, nem em detalhada ‘passada de olhos’) que com três semanas de governo, o ‘caso Fabrício Queiroz’, de investigação sobre supostas atípicas movimentações financeiras envolvendo o assessor do filho do presidente, o senador-eleito Flávio Bolsonaro, fosse tangenciado pelo Planalto. Aliás, não se esperava, sequer, um ‘caso Queiroz’.
Da mesma forma, levando em conta o agudo discurso de Bolsonaro durante a campanha, não se contava que uma vez presidente da República, fosse nomear como secretária-executiva do Ministério do Meio-Ambiente, pessoa acusada pelo Ministério Público do Rio Grande do Sul de cometer improbidade administrativa e danos ao erário público quando de sua passagem pelo governo do referido estado. Se tivesse sido inocentada, tudo bem. Contudo, segundo O Globo, o processo está em fase de audiências e instrução.
Mas – acredite o leitor – se as passagens descritas acima remetem a tinturas de privilégios (privilégio de tangenciar o que ficaria melhor se fosse devidamente explicado e privilégio de não levar em conta questão sobre a qual a Justiça ainda não deu a última palavra), o foco da matéria nada tem a ver com o governo Bolsonaro, tampouco o título.
O que se pretende expor e que passa longe do atual governo (que entrou, digamos, de ‘gaiato’, para abrir o assunto) diz respeito a privilégios explícitos, absurdos e infames, a despeito de plenamente amparados pela lei, e que trata, basicamente, do que o Brasil concede aos ex-presidentes da República – acervo de privilégios vergonhosamente imorais, apesar de “legais” – pagos com o dinheiro do povo.
Mas, com esse calorão, fica para o próximo domingo.