Aldir Sales
14/01/2019 21:06 - Atualizado em 17/01/2019 15:17
Os assassinatos da vereadora carioca Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes completaram, nesta segunda-feira, dez meses sem respostas sobre quem cometeu o crime e quem foi o mandante. O governador Wilson Witzel (PSC) disse, durante a recondução ao cargo do procurador-geral de Justiça, Eduardo Gussem, que os investigadores possuem, hoje, provas suficientes para pedir a prisão preventiva de suspeitos, mas não para condená-los. O próprio Gussem afirmou que não resta dúvida da participação da milícia nos homicídios. Enquanto isso, a Anistia Internacional cobrou que o Governo do Estado se comprometa na resolução do caso.
— Existe uma linha de investigação do MP (Ministério Público) e outra da polícia. As duas podem estar irmanadas. Mas eu já disse ao delegado (Giniton Lages, titular da Delegacia de Homicídios da Capital) que, se fosse o caso, a polícia adianta o que está sendo investigado para uma eventual prisão e o MP faz o dele em paralelo. A sociedade espera resposta, ainda que parcial, ainda que não seja completa — disse o governador.
Durante seu discurso de posse como chefe do Ministério Público estadual, Eduardo Gussem falou da ligação de milicianos com o assassinato de Marielle e Anderson. “Não tenho dúvidas em afirmar que o caso Marielle e Anderson Gomes está relacionado a essas organizações criminosas”.
Gussem afirmou que as milícias representam “uma forma perversa de plantar o terror e o medo na sociedade” e destacou que, quando confrontadas pelo aparato estatal, elas reagem “com severos ataques a bens públicos e ameaças a autoridades”. O procurador-geral de Justiça lembrou ainda o ataque a tiros sofrido ontem pela delegada e deputada estadual Martha Rocha (PDT), que não se feriu com os disparos contra seu carro, mas teve o motorista baleado. A parlamentar relatou ter sofrido ameaças de milicianos.
Enquanto isso, a diretora executiva da Anistia Internacional, Jurema Werneck, cobrou do Governo do Estado empenho nas investigações. “O ano de 2018 terminou sem que o estado do Rio de Janeiro, sob intervenção federal na área de segurança pública, tenha conseguido solucionar o caso. A nova gestão do governo do estado tem o dever de assumir esta responsabilidade e não deixar o caso sem solução. O novo governador e o novo chefe de polícia deveriam vir a público se comprometer com a investigação correta do assassinato de Marielle Franco desde o início de sua gestão”.