A Polícia Civil de Minas Gerais informou nesta quarta-feira (30) que vai começar a ouvir sobreviventes da tragédia de Brumadinho na investigação sobre as causas do rompimento da barragem da Mina Córrego do Feijão. Inicialmente, serão ouvidas cinco pessoas. Datas e horários não serão divulgados para preservar os sobreviventes. Nesta quarta, as buscas às vítimas entraram em seu sexto dia. A Defesa Civil de Minas Gerais informou que há 99 mortos e 259 pessoas desaparecidas. Dos mortos, 57 já foram identificados. Há ainda 135 pessoas desabrigadas. No fim desta tarde, uma chuva forte atingiu a cidade, mas não interrompeu os trabalhos de busca.
“A princípio, nós vamos formalizar a prova subjetiva com esses cinco sobreviventes justamente para traçar até a dinâmica delitiva (...) Eles estavam na área crítica, onde efetivamente ocorreram os fatos”, disse o delegado Arlen Bahia, em entrevista coletiva.
Arlen também falou que, por causa da dificuldade do reconhecimento facial e das impressões digitais, exames odontológicos e de DNA começam a ser realizados para a identificação das vítimas. “A maioria [dos corpos] está chegando já com avançado estado de decomposição e vários seguimentos corpóreos. Então, a partir daí, principalmente em relação aos segmentos corpóreos, nós temos que montar um quebra-cabeça”, disse.
Segundo o delegado, uma força-tarefa foi montada para agilizar a realização e divulgação desses exames. Ele afirmou ainda que, nesta quarta, o Instituto Médico-Legal (IML) está fazendo 35 agendamentos para colher material para exames de arcada dentária e de DNA.
Mau cheiro dos corpos - Nesta quarta, os bombeiros que participam das buscas às vítimas da tragédia passaram a usar máscaras no trabalho de resgate. O mau cheiro forte dos corpos em decomposição já atrai dezenas de urubus para a região da Mina Córrego do Feijão.
O trabalho de resgate, a partir de agora, deve ser mais intenso, já que a lama está mais seca. As equipes passam a poder usar equipamentos mais pesados, como escavadeiras.
Mais corpos foram encontrados na região do Parque das Cachoeiras, nesta quarta, mas o número oficial ainda não foi informado pelas autoridades.
Plano de contingência - A Defesa Civil de Minas Gerais divulgou nesta quarta-feira um “plano de contingência” no caso de riscos relacionados às barragens da região de Brumadinho que não se romperam. Mas, segundo o porta-voz da corporação, Tenente-coronel Flávio Godinho, tal medida é preventiva, uma vez que nenhuma outra barragem está com risco de rompimento.
Segundo o representante do órgão, as demais barragens estão no nível de segurança 1. O risco aumenta quando a classificação passa para níveis superiores, como 2 ou 3. Contudo, acrescentou Godinho, não há situações deste tipo ainda na região. Em nota, a Defesa Civil designou locais para os quais moradores e pessoas da área devem se dirigir esta situação hipotética. “A Defesa Civil divulga pontos como medida preventiva em caso de elevação do risco”, sublinhou o comunicado.
“As Polícia Civil e a Polícia Militar estão monitorando as barragens em tempo real para, em caso de mudança na situação, haja aviso por meio de sirenes para que a população possa se deslocar de forma organizada e ordeira”, afirmou Godinho.