A ponte da Integração precisa de R$ 32 milhões para ser concluída, mas R$ 6 milhões são suficientes para evitar uma nova paralisação. Essa é a principal mensagem que o secretário estadual de Desenvolvimento Econômico e Geração de Emprego e Renda, Lucas Tristão, leva para o Rio de Janeiro após visitar o canteiro de obras em São João da Barra. Tristão, primeiro integrante do governo Wilson Witzel a cumprir agenda na região, antes visitou o Porto do Açu e salientou a potencialidade do empreendimento para desenvolver a região, mas também observou que existem dificuldades: “Os maiores desafios do Porto do Açu, hoje, são os acessos pelas malhas rodoviária e ferroviária”.
A obra da ponte está oficialmente paralisada, segundo o diretor regional do Departamento de Estradas de Rodagem (DER), o engenheiro Ivan do Amaral Figueiredo. No entanto, a empresa responsável pela obra segue com alguns ajustes de segurança, enquanto aguarda a liberação de verba para prosseguimento. A prefeita de São João da Barra, Carla Machado (PP), ressaltou a importância da obra diretamente com Tristão, informando que já foram investidos R$ 92 milhões. Ele disse que o pleito será encaminhado ao secretário de Fazenda.
— A gente tem que ver com o secretário da Fazenda. Recebemos uma herança maldita do antigo governo. O caixa defasado em mais de R$ 10 bilhões. A gente tem que ter prioridades. Hoje a gente está lutando para pagar nossa folha. Estive aqui na ponte, vi como está, falta cerca de 30% para conclusão. Agora vou levar essa demanda para o secretário de Fazenda, vou sentar com o vice-governador, já que o DER está sob sua tutela na estrutura organizacional do governo. A paralisação da obra tem um custo de desmobilização, tem uma série de despesas indiretas da obra — afirmou o secretário.
Carla Machado destacou a importância da ponte entre SJB e SFI em vários aspectos. “A gente já fala dessa importância há 30 anos: para o escoamento da produção agrícola, quando gente tinha aqui a usina funcionando; a questão turística, porque liga SJB ao Espírito Santo; a facilidade também, hoje, em estar pegando outra rota, desafogando a BR 356, para vir aqui para o Açu, principalmente as carretas pesadas. A gente sabe que nossa estrada fica muito prejudicada com esse movimento. Une municípios que antes eram um só, tem essa questão afetiva. É bom em vários aspectos”, observou.
Também estiveram nas visitas em SJB os prefeitos de Campos, Rafael Diniz (PPS), e de São Francisco de Itabapoana, Francimara Barbosa Lemos (PSB), vereadores dos três municípios e também de Quissamã. Ainda marcaram presença os deputados estaduais eleitos João Peixoto (DC), Rodrigo Bacellar (SD) e Gil Vianna (PSL); além do deputado federal eleito Wladimir Garotinho (PRP), que informou ter articulado a visita com o secretário após uma reportagem da Folha, na semana passada, que destacou o fato de a ponte ter ficado fora da lista de prioridades do governador Witzel para os primeiros 180 dias.
A prefeita de SFI destacou a ponte como uma obra de suma importância: “Nosso município, apesar de toda dificuldade, está se preparando para o progresso. Incentivamos nosso comércio, nossos jovens porque nossa cidade ficará entre dois portos muito importantes: o do Açu, que já é realidade, e o futuro Porto Central, em Presidente Kennedy”.
Já Rafael Diniz salientou a importância do trabalho em conjunto: “Estive nessa visita a convite da prefeita Carla uma liderança da nossa querida São João da Barra e, obviamente, de toda região. Enquanto gestor, e tenho pregado isso na relação com todos os municípios, não dá para pensar sozinho”. Rafael ainda destacou a expectativa de retomada das obras do Complexo Farol-Barra do Furado, que Tristão também visitou ontem.
Construção da ponte foi iniciada há 4 anos
Com pedra fundamental lançada em junho de 2014, e orçamento inicial de R$ 105,7 milhões, a ponte da Integração, que teve a obra paralisada diversas vezes, terá 1.344 metros de comprimento e 16,2 metros de largura. São 35 pilares, sendo 17 no trecho do rio Paraíba do Sul, 14 em SJB e quatro em SFI. A ponte vai encurtar em 80 quilômetros a distância entre a sede dos dois municípios. Atualmente, os pilares estão prontos e já é possível subir a ponte pela cabeceira que fica em São João da Barra.
De acordo com Ivan do Amaral, o último repasse para continuidade da obra foi feito no ano passado e, se não houver a alocação de pelo menos mais R$ 6 milhões, a construção pode ser totalmente paralisada.
O projeto em andamento substitui o original, da ponte João Figueiredo, que teve início em 1981, mas foi paralisado em 1985, cinco anos antes da extinção do Departamento Nacional de Obras de Saneamento (DNOS), no governo Fernando Collor. Matéria divulgada no site da Prefeitura de SJB em 2013 informava que na estrutura antiga “eram 7 quilômetros de viaduto passando em uma área que fica totalmente alagada no período de cheia do Paraíba do Sul e a construção de um dique para determinados trechos seria inviável pela questão ambiental”.
Potencialidades de complexo destacadas
O primeiro compromisso do secretário Lucas Tristão na região foi uma visita ao Porto do Açu. Além dos políticos, também estiveram na comitiva a subsecretária estadual de Óleo, Gás, Energia e Indústria, Cristina Pinho, e do superintendente de Energia e Gás, Bernardo Sarreta. Eles conheceram a maquete de todo o projeto e depois passaram pelos terminais da Açu Petróleo, Gás Natural Açu (GNA) e BPort (empresa do Grupo Edison Chouest). O foco da visita foi o setor de óleo e gás. Pelo Porto, acompanharam a agenda Bernardo Perseke, CEO da GNA, e Antonio Ferreira, diretor Comercial de Óleo e Gás da Porto do Açu Operações.
— Acho que o Porto do Açu tem um grande potencial, principalmente pela sua abertura marítima. Gostei muito do que eu vi, principalmente da BPort, da GNA também. Os projetos da GNA vão ser um grande indutor de atração das indústrias, atração das empresas, não só para óleo e gás. A ideia é diversificar o segmento para que o estado do Rio fique menos refém da indústria de óleo e gás. A gente já viu essa fórmula no ano passado e não deu certo. Então, a ideia aqui é diversificar os investimentos — afirmou Tristão.
O secretário afirmou, ainda, que o grande desafio para atrair empresas são os projetos estruturantes: “Para atrair as empresas, a gente precisa de estrutura, de escola, de rodovia, ferrovia, de energia capaz de atender o segmento automotivo, o segmento químico-farmacêutico. A gente está aqui viabilizando os projetos, é mais nessa linha”.
O secretário ainda observou a potencialidade do Porto na questão da geração de empregos e a preparação necessária na região. “A gente não pode trazer a indústria para o Porto do Açu se a gente não trouxer também a educação, a escola técnica que precisa para formar mão de obra. Senão, a gente vai trazer a empresa e ela vai importar mão de obra de outro estado, e aí a gente não resolve o problema 1,3 milhão de desempregados no Estado”.
Fotos: Antônio Leudo