Virna Alencar
01/01/2019 19:12 - Atualizado em 04/01/2019 17:02
As obras da Ponte da Integração, que ligará os municípios de São João da Barra (SJB) e São Francisco de Itabapoana (SFI), que tinha entrega prevista para março de 2019 – conforme última previsão do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) do Rio de Janeiro – agora tem novo prazo, junho do mesmo ano. Iniciada em 6 de junho de 2014, a precisão era de conclusão da obra em até um ano, mas o prazo já expirou desde 2015 e muitos outros anunciados também expiraram, adiando a espera de mais de 30 anos. A expectativa é que haja fortalecimento na economia e no turismo, mas a realização do sonho vem sendo postergada. No projeto original, a construção da ponte está orçada em R$ 105, 7 milhões. A estrutura está compreendida entre a intersecção com a BR 356, próximo ao trevo do Açu, em SJB, e a RJ 194, na localidade de Campo Novo, em SFI.
A construção foi paralisada em janeiro de 2016. Em novembro do ano passado, o então governador, Luiz Fernando Pezão (MDB) visitou o Porto do Açu e disse que não terminaria o mandato sem entregar a obra. A retomada chegou a ser discutida em diversas oportunidades. Com o Plano de Regularização Fiscal, autorizado pelo Governo Federal, o Estado conseguiu protelar dívidas que tinha com União e firmar empréstimos junto ao mercado financeiro internacional, dando a Cedae e royalties como garantias. Com isso, quitou a folha salarial dos servidores ativos e aposentados e as obras foram retomadas no último dia 8 de junho.
No último dia 3 de dezembro, o local voltou a ser palco de vistoria, desta vez, com a presença da deputada estadual Tia Ju (PRB), que se comprometeu a interceder, junto ao governador em exercício, Francisco Dornelles (PP), a entrega mais breve possível. No dia 23 de novembro, seis dias antes de ser preso na operação Boca de Lobo, Pezão declarou que a inauguração estava prevista para o fim de 2018, mas, a deputada adiantou ser impossível a conclusão dentro deste prazo.
A construção terá 1.344m de comprimento e 16,2m de largura. São 35 pilares, sendo 17 no trecho do rio Paraíba do Sul, 14 deles em SJB e quatro em SFI. Além de integrar o litoral Norte Fluminense, reduzindo em 80 quilômetros a distância entre SJB e SFI, a ponte da Integração facilitará a logística de escoamento de produção, principalmente do Porto do Açu.
Em matéria especial publicada na Folha, no último dia 2 de maio, o DER informou que 50% dos trabalhos estavam prontos, mas uma previsão concreta de conclusão não chegou a ser mencionada.
Na semana passada, a assessoria de imprensa do atual governador Wilson Witzel foi acionada e alegou que “ainda não tinha informações sobre o assunto”.
Expectativa de avanço econômico - Os benefícios econômicos que a ponte vai trazer aos municípios da foz vêm sendo destacados pelas prefeitas Carla Machado (SJB) e Francimara Barbosa (SFI) em visitas à construção.
— Temos, aqui, um dos maiores investimentos privados do Brasil, que é o Complexo Logístico Portuário do Açu e sabemos da importância do Espírito Santo, com a questão das pedras, do granito; temos a agricultura, São Francisco, que é um município com muita produção a ser escoada por essa ponte e essas estradas. Uma usina de São João da Barra foi fechada, em função do preço oneroso do transporte. Campos também vai ser muito beneficiada, com o transporte direto para o aeroporto, que já está alfandegado. São frentes de trabalho de todos os setores que podem ser desenvolvidos, na área de turismo também. A gente já está pedindo a alguns candidatos que tenham esse compromisso de fazer as estradas de ligação, mas isso será mais simples, diante da ponte, que demorou tanto a sair do papel — disse Carla Machado, para quem a ponte, também possibilitará a instalação de novos distritos industriais na região.
Para a prefeita de São Francisco de Itabapoana, Francimara Barbosa (PSB), o antigo sonho irá beneficiar os moradores em vários aspectos como na questão da mobilidade urbana, escoamento da produção, fomento da economia com a geração de empregos a partir da instalação de empresas na região. “Esta importante obra beneficia não só São Francisco de Itabapoana, mas também toda nossa região, haja vista a proximidade com o Porto do Açu, em São João da Barra, e do Porto Central, que será instalado no município de Presidente Kennedy (ES)”, destacou a prefeita são franciscana, Francimara.
Novela iniciada há quase 40 anos - Há mais de 30 anos, os dois municípios aguardam pela conclusão da ponte, que será ainda uma alternativa de tráfego à BR 101, a partir da integração do novo anel rodoviário à Rodovia do Sol, no Sul do Espírito Santo, por meio da RJ 194. A ideia de construir uma ligação entre as regiões sul e norte do rio Paraíba do Sul surgiu durante o governo militar. As obras começaram na década de 80, mas foram interrompidas assim que os 18 pilares foram colocados.
O projeto antigo, iniciado em 1981 com a construção dos pilares, foi paralisado em 1985 e abandonado devido às questões ambientais. Eram 7km de viaduto que passariam em uma área que fica totalmente alagada no período de cheia do rio Paraíba do Sul e a construção de um dique para determinados trechos seria inviável pela gestão ambiental do estado à época.
Quando a ponte começou a ser construída, os dois lados do rio Paraíba do Sul pertenciam a São João da Barra. Atualmente, o acesso entre os dois municípios só é feito de barco ou pela estrada, dando a volta por Campos até a BR 101 (Campos-Vitória) e seguindo por Travessão. São Francisco, no lado norte, virou município em 1996, quando chegou a ser iniciado um movimento pela retomada das obras, que acabou não surtindo efeito.
Em homenagem ao ex-prefeito de São João da Barra, a nova ponte foi nomeada como: Ponte da Integração Genecy Mendonça, em tributo ao antigo chefe do poder executivo sanjoanense, mais conhecido como Dodozinho, que morreu em junho de 2014.