Operação Avaritia prende suspeitos de sequestro do empresário Cristiano Tinoco
Verônica Nascimento e Paula Vigneron 24/01/2019 07:57 - Atualizado em 25/01/2019 18:49
Empresário foi preso em condomínio
Empresário foi preso em condomínio / Antônio Leudo
A Polícia Civil realizou, na manhã desta quinta-feira (24), a Operação Avaritia, para cumprimento de mandados de prisão de três suspeitos do sequestro do empresário Cristiano Tinoco e de sua esposa. O crime aconteceu no dia 3 de dezembro, quando bandidos exigiram R$ 200 mil em dinheiro para libertarem as vítimas. Apontado como autor intelectual do crime e amigo pessoal do casal, o empresário José Maurício Ferreira dos Santos Júnior foi preso no condomínio Sonho Dourado, onde reside, pouco antes das 6h30. Outros dois suspeitos também foram presos pela manhã: Junio Santos da Costa e André Ângelo Monteiro. Um foi encontrado no Parque Leopoldina e o outro, no Parque Nova Campos, em Guarus. Ainda foram cumpridos três mandados de busca e apreensão. Mais dois suspeitos do sequestro já haviam sido presos. O primeiro, identificado apenas como Cacá, foi detido em Grussaí, no dia 3 de janeiro, e o outro, identificado como Marven Chagas Batista, em Feira de Santana, na Bahia, na quinta-feira passada (17), depois de ser perseguido pela polícia de quatro estados.
Na casa do empresário, a polícia apreendeu munições de calibre 38 e, com um outro preso foi apreendida uma pistola calibre 40. Todos os envolvidos foram presos temporariamente por 30 dias, prisão que pode ser estendida pelo mesmo período, e responderão por extorsão mediante sequestro, roubo triplamente circunstanciado e formação de organização criminosa. O empresário, que inicialmente teria negado participação no crime, acabou sendo identificado pelos demais presos, conforme informou o titular da 146ª Delegacia de Polícia (Guarus), Pedro Emílio Braga, à frente da investigação do caso, registrado na 134ª DP (Centro).
Operação Avaritia
Operação Avaritia / Antônio Leudo
— Foram 45 dias de investigação, inclusive com escutas telefônicas, e, com as prisões de hoje, o crime foi elucidado, com todas as autorias identificadas e esclarecida a participação de cada um, com todas as condutas individualizadas. O mentor intelectual é uma pessoa de relação muito próxima, amigo das vítimas, que frequenta o mesmo círculo e, bem por isso, tinha acesso à rotina, ao modo de vida, aos bens que possuíam; informações que foram repassadas aos executores do crime e possibilitaram o sequestro e que o empresário e a esposa fossem feitos reféns até o pagamento de R$ 200 mil, a título de resgate — disse o delegado.
Em coletiva na manhã desta quinta, Pedro Emílio e a delegada Pollyana Henriques, que participou das diligências na casa do empresário, detalharam o crime e como a polícia chegou aos envolvidos.
— Ouvimos as vítimas logo depois do sequestro. Verificamos o que fizeram naquele dia e, buscando imagens de câmeras, conseguimos identificar o veículo usado no dia pelos executores e chegar ao proprietário, o que nos levou ao primeiro investigado, que não foi reconhecido pelo casal, porque ficou responsável por monitorar o movimento nas redondezas do cativeiro, a própria casa das vítimas, no condomínio Athenas. Com a quebra do sigilo telefônico, chegamos a uma segunda linha, do segundo investigado. O primeiro foi preso no dia do sequestro e o segundo, que foi buscado por quatro estados, tendo inclusive fugido de uma perseguição no Espírito Santo, acabou preso em Feira de Santana. Este, sim, foi reconhecido pelas vítimas e nos levou aos demais envolvidos, que foram presos hoje: um executor e dois autores intelectuais do crime, porque o empresário, que planejou tudo, teve ajuda de um amigo para elaborar o sequestro e contratar os outros três — contou Pedro Emílio.
A delegada disse que, no cumprimento dos mandados contra José Maurício, ficou clara a participação dele. “Encontramos munições de calibre 38 e, por esse flagrante, ele também foi autuado por posse irregular de munições de arma de fogo. Logo no primeiro contato, ficou clara a ligação dele com os demais envolvidos e ficou claro também que ele vinha acompanhando as investigações, que tinha ciência da prisão dos dois primeiros e, com certeza, sabia que a polícia chegaria a seu envolvimento. Então, qualquer indício do material roubado (dinheiro e joias), qualquer prova relativa ao delito, provavelmente, foi retirada do local. Ele (o empresário) não confessou o crime, mas admitiu a ligação com os demais. Dos três presos hoje, dois colaboraram, confessando a participação, e apontaram a participação do empresário”, relatou Pollyana.
  • Presos foram levados para a 146ª DP

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    Operação Avaritia

O delegado Pedro Emílio informou que, no dia do sequestro, os executores, armados, começaram exigindo R$ 1 milhão, valor que as vítimas demonstraram não ter acesso. Sob ameaça, a negociação durou horas, até que os bandidos chegaram ao resgate de R$ 200 mil e o empresário passou a ligar para vários amigos, pedindo dinheiro, até que um levou exatos R$ 198 mil à casa do empresário.
— A suspeita do envolvimento do amigo da família (José Maurício) surgiu porque, durante o crime, a vítima identificou certo padrão no que um dos executores falava, com informações de conversas que o empresário (vítima) havia tido com o amigo (empresário, preso) — disse o delegado.
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    Operação Avaritia

Segundo relato de Cristiano, uma pergunta feita por José Maurício, no convívio com a vítima, e depois repetida por um dos bandidos na ação, sobre um relógio Rolex, levantou as primeiras suspeitas, que teriam sido confirmadas pela investigação.
— O autor assumiu a responsabilidade do crime até certo ponto, embora tenha dito que se arrependeu e que não gostaria de participar do proveito do crime, circunstância completamente contrária às informações que obtivemos. Inclusive, há dúvida sobre o proveito efetivo do crime, porque o homem que foi preso na Bahia teria dado uma volta em todos os envolvidos. Mas está bastante claro que ele esteve no planejamento do sequestro, que a ideia partiu dele – afirmou Pedro Emílio.
O delegado concluiu, dizendo que o nome da operação explica o motivo do crime. “A motivação de crimes patrimoniais, como esse, nada mais é do que ganância. O autor intelectual participava da rotina do casal e, em algum momento, a inveja exacerbada pelo estilo de vida deles, o levou a planejar esse crime bárbaro. O autor intelectual é o principal suspeito do sequestro desde o começo das investigações e o crime foi esclarecido”.
O sequestro - Na tarde do dia 3 de dezembro, o empresário Cristiano Tinoco foi abordado após ser chamado pelo nome. Dois bandidos armados renderam o empreiteiro, entraram no carro com ele, foram até o trevo da entrada da cidade (no Contorno), onde outro homem, também armado, passou a integrar a ação. Os três, junto com a vítima, seguiram para a casa do empresário, no Parque Rodoviário.
Na residência, os bandidos exigiram a quantia em dinheiro. A mulher da vítima chegou à casa e passou a ser refém junto com o marido. Como o empreiteiro não tinha a quantia em casa, ligou para amigos e um deles informou ter o valor exigido. O próprio amigo levou o dinheiro à casa do empresário. Após receberem a quantia, os bandidos fugiram, levando o carro da vítima.
 
 
 
 

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