Morre recém-nascido que teria sido espancado pelo pai em Farol de São Thomé
Verônica Nascimento, Catarine Barreto e Virna Alencar 23/01/2019 08:37 - Atualizado em 25/01/2019 18:46
O bebê Dione Valentim, de 28 dias, que teria sido agredido pelo pai morreu no final da noite dessa terça-feira, no Hospital Ferreira Machado (HFM), após três dias internado em estado grave. O corpo do recém-nascido foi velado na tarde desta quarta-feira no cemitério de Goitacazes e sepultado em São Sebastião. O pai da criança, Lucas do Espírito Santo Pereira, 21 anos, preso na manhã de terça, passou por exame de corpo de delito nesta quarta-feira, no Instituto Médico Legal (IML), e foi encaminhado ao presídio Carlos Tinoco da Fonseca. A mãe do bebê também esteve no IML, para liberar o corpo da criança. Marido e mulher não chegaram a se ver no IML. Quando saía da unidade, ela passou pela viatura policial onde o marido estava. Ele chegou a chamá-la, mas a mulher não respondeu.
O caso, ocorrido na tarde de sábado, foi apresentado pelos pais do bebê, em um posto de saúde do Farol de São Thomé e depois no HFM, como um acidente doméstico. Eles alegaram, inicialmente, que o menino teria caído da cama. Na noite de segunda-feira, entretanto, a mãe mudou a versão e registrou, na 134ª Delegacia de Polícia (Centro), que o marido havia espancado o filho. Segundo o delegado Bruno Cleuder, o suspeito, que no dia anterior foi preso por tentativa de homicídio, com a morte do filho, deverá responder por homicídio agravado por motivo fútil. A mãe, que tinha o dever de cuidado do filho, pode responder por omissão de socorro, conforme o delegado.
Os pais e o bebê, moradores de Nova Goitacazes, estavam em uma casa de veraneio, onde o fato ocorreu. Detido na casa da avó, em Donana, o pai do recém-nascido não confirmou as declarações da esposa, de 25 anos, de que segurava o filho e que, quando o menino vomitou, ele o jogou na cama e deu cinco socos em sua cabeça e rosto. Já a mãe será ouvida novamente pela polícia para saber se foi pressionada e, com medo do marido, apresentou a versão da queda, ou se foi conivente.
O delegado também explicou que pediu a prisão temporária do pai, por 30 dias, enquanto aguardava resultado do exame médico do bebê e assegurava a realização de outros procedimentos para esclarecer o caso. Agora, a polícia aguarda laudo cadavérico do IML. Um dos procedimentos será ouvir a equipe médica do HFM. Conselheiras estiveram no hospital nesta quarta para verificar o Boletim de Atendimento Médico (BAM) do recém-nascido, que deu entrada na unidade com traumatismo craniano.
— Fomos acionadas no sábado, para um acidente doméstico com recém-nascido e não de agressão. Comparecemos ao hospital e a equipe técnica informou não ter indícios de violência. Mesmo nesses casos, como é de praxe, o hospital encaminha notificação compulsória ao Conselho Tutelar, que faz o acompanhamento e, havendo necessidade, toma medidas posteriores. Agora, vamos acompanhar, para ver como é a estrutura familiar e realizar as medidas necessárias — disse a conselheira tutelar Renata Conceição.
Segundo o HFM, conforme relato da mãe do bebê dada à equipe de plantão, “a criança teria sido colocada em cima de um colchão inflável, que estava em uma cama de alvenaria e, após a mãe sair do banho, teria sentado na ponta oposta do colchão, o que teria feito com que o material impulsionasse o bebê para cima, ocasionando a suposta queda. Mas, posteriormente, a própria mãe do bebê resolveu procurar a delegacia, por conta própria, para relatar denúncia de suposta agressão”.
A unidade hospitalar ainda ressaltou que o Serviço Social do Pronto Socorro acionou o Conselho Tutelar, no dia 19, e duas conselheiras estiveram na unidade no mesmo dia. Porém, o relato dado por familiar que acompanhava o bebê foi de acidente doméstico.
Mãe da criança foi ao IML acompanhada da família
Mãe da criança foi ao IML acompanhada da família / Antônio Leudo

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