Alerta deve ser mantido no verão
Camilla Silva e Verônica Nascimento 19/01/2019 18:42 - Atualizado em 21/01/2019 14:31
Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas recebe uma média de 80 a 100 pessoas diariamente com vários sintomas
Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas recebe uma média de 80 a 100 pessoas diariamente com vários sintomas / Antônio Leudo
Verão, calor, chuva e lixo que acumula água. O resultado da junção desses fatores é um alto índice de infestação do Aedes aegypti e aumento do atendimento no Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI) de Campos. Na unidade, a média é de 80 a 100 pessoas atendidas diariamente com sintomas de doenças transmitidas pelo mosquito. A secretaria municipal de Saúde registrou 30 casos confirmados de chikungunya, um de dengue e nenhum de zika do dia 31 de dezembro até a última sexta-feira (18). O último resultado do Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa), em Campos, foi de 2,6. O valor não é considerado de risco, mas autoridades reforçam necessidade de atenção.
— Não vivemos surto de chikungunya, mas a população deve se conscientizar e continuar com a prevenção às doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti, separando os 10 minutos por semana e revisando seus quintais, limpando as piscinas e evitando deixar recipientes com água parada. Essas são medidas que devem ser tomadas o ano inteiro — destacou o diretor do CRDI, o médico Luiz José de Souza.
Até o fim da manhã da última sexta-feira, o CRDI registrava um atendimento por suspeita de dengue e 36 de chikungunya. Entre os pacientes do CRDI pela manhã, estava a doméstica Fabíola Nascimento e a filha de três anos. Ela foi buscar o resultado do exame que a filha fez para dengue, mas acreditava que daria negativo, porque os sintomas já haviam sumido.
Já o pedreiro Cléber Alencar, de 45 anos, foi à unidade para mais um atendimento. “Estou em tratamento há seis meses, tempo que também fiquei incapacitado para o trabalho. Dói muito. Parece que os ossos estão quebrados — contou o morador de Goitacazes, que está com chikungunya.
Segundo a Prefeitura, ações rotineiras seguem no município, de acordo com o cronograma do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), e no Farol de São Thomé.
O último resultado do LIRAa, realizado pelo CCZ, ainda em 2018, foi de 2,6. Essa é a segunda redução do levantamento desde o estado de epidemia enfrentado pelo município em maio do ano passado, quando o LIRAa registrado foi de 6,1. Em agosto, esse número já tinha reduzido para 3,7. As cidades são consideradas em situação de risco quando o LIRAa fica acima de 4, em alerta, com o índice entre 1% a 3,9% e tem índices satisfatórios, inferiores a 1%.
Doenças — O Aedes aegypti é um velho conhecido dos brasileiros. Há pelo menos 30 anos, circula em território nacional, se apresentando cada vez mais nocivo ao convívio com a população. Em suas aparições, trouxe à tona quatro sorotipos de dengue, que imperaram em revezamento por mais de 25 anos até que foram introduzidas também a zika e a chikungunya, fazendo com que o vetor perdesse o apelido de “mosquito da dengue”. As duas últimas doenças, até então raras na literatura médica, uma vez em circulação, trouxeram agravamentos como a microcefalia em bebês de gestantes que contraíram a zika, além da Guilain Barrè e reumatismos severos em pacientes com chikungunya. (C.S.) (V.N.)
Secretaria estadual também em vigilância
O secretário estadual de Saúde, Alexandre Chieppe, também deu dicas de como se prevenir das doenças causadas pelo mosquito Aedes aegypti.
— A prevenção é sempre a melhor opção no controle ao Aedes, uma vez que 80% dos criadouros são residenciais. Por isso, a mobilização popular é fundamental no êxito das ações e consequente eliminação de focos. Bastam apenas 10 minutos por semana para deixar o ambiente livre do mosquito. A vistoria deve acontecer em caixas d’água, tonéis, vasos de plantas, calhas, garrafas, lixo e bandejas de ar-condicionado, evitando deixar água parada que sirva de criador. Com essas medidas simples, é possível evitar a proliferação de novos mosquitos — destacou Chieppe.
Ele ressaltou ainda que a Secretaria de Estado de Saúde conta com a campanha permanente “Dez Minutos Salvam Vidas” e, em 18 de novembro deste ano, a SES relançou a campanha do Dezinho, herói carioca criado para mobilizar crianças, jovens e adultos na luta contra o mosquito.
Ministério da Saúde ressalta orientações
O Ministério da Saúde também orienta para que as pessoas não se descuidem neste período de verão. Segundo o órgão, é importante que a população verifique espaços dentro e fora de casa para eliminar todo e qualquer recipiente que possa acumular água e se transformar em criadouros do mosquito, como vasos de plantas, baldes e garrafas vazias. O cuidado também deve se manter por aquelas pessoas que optaram por não viajar.
A recomendação do Ministério da Saúde é para que todos mantenham as ações para prevenir focos em qualquer época do ano. Por isso, a população deve ficar atenta e redobrar os cuidados para eliminar possíveis criadouros do mosquito. Essa é a principal forma de prevenção. Quando o foco do mosquito Aedes Aegypti é detectado e não pode ser eliminado pelos moradores ou pela população, como em terrenos baldios ou lixos acumulados na rua, a Secretaria Municipal de Saúde deve ser acionada para remover os possíveis focos/criadouros.
— A ideia é fazer do combate ao mosquito uma rotina de toda a sociedade. Dessa forma, os cidadãos podem adotar uma série de medidas de forma a eliminar a presença de mosquitos transmissores de doenças e seus criadouros (retirar recipientes que tenham água parada e cobrir adequadamente locais de armazenamento de água). Atitudes simples como proteção contra mosquitos, com portas e janelas fechadas ou teladas, uso de calça e camisa de manga comprida e com cores claras são fácies e eficientes. Também é recomendado o uso de mosquiteiros que proporcionam boa proteção àqueles que dormem durante o dia (por exemplo: bebês, pessoas acamadas e trabalhadores noturnos) — informa o Ministério.

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