Verônica Nascimento e Camilla Silva
18/01/2019 14:08 - Atualizado em 18/01/2019 20:34
Um homem, identificado como Antônio Paulo Castilho Cardoso, de 37 anos, morador de Itaperuna, foi preso preventivamente, na noite dessa quinta-feira (17), após circular nas redes sociais um vídeo que ele mesmo teria gravado enquanto torturava a esposa, Priscila Gonçalves, de 35 anos. Segundo o promotor do caso, as imagens foram feitas pelo celular da vítima e encaminhadas pelo suspeito para um grupo de uma rede social formado por pessoas que trabalhavam com ela. Nas cenas, o homem pratica espancamentos e humilhações, além de obrigar a esposa a dizer que lhe traiu. A vítima foi localizada em outra cidade, que não foi divulgada por questões de segurança, e já prestou depoimento na delegacia do local. O casal vivia junto há 16 anos e tem dois filhos. Segundo o delegado responsável pelo caso, o crime teria ocorrido na noite da última segunda-feira (14), na zona rural do município.
— A família é moradora do bairro Cidade Nova, mas o crime foi praticado na zona rural, perto de São José de Ubá, onde o marido gravou o vídeo. A única coisa que ele disse foi que perdeu o celular, mas acreditamos que tenha se desfeito do aparelho, que pode conter imagens de outros crimes, que agravariam ainda mais sua situação — contou o titular da 143ª Delegacia de Polícia (Itaperuna), Rodrigo Maia.
A Polícia Civil procurou o suspeito na manhã de quinta-feira, mas ele não foi encontrado. Ao fim do dia, ele se entregou na delegacia, acompanhado de uma advogada. Ele foi encaminhado ao Presídio Diomedes Vinhosa Muniz, no mesmo município. Já a vítima passou por exames e prestou depoimento sobre o caso.
— O suspeito foi enquadrado no crime de tortura e deve ficar preso por 30 dias, que é o prazo para oferecermos a denúncia — relata o promotor Marcos Davidovich.
Tortura - O marido filmou a agressão à mulher, que aparece seminua, e a acusa de traição. Em meio ao espancamento, com pauladas, ele diz, enquanto a mulher chora: “Tá vendo essa daqui? Ela me traiu. Precisava disso, meu amor?”. O homem teria gravado outro vídeo, obrigando a esposa a dizer que cometeu a infidelidade e citar nomes de pessoas com quem, supostamente, ela teria saído.
O crime de tortura, previsto em lei especial, se configura quando se constrange alguém com emprego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental,com o fim de obter informação, declaração ou confissão da vítima ou de terceira pessoa. A pena prevista é de dois a oito anos de reclusão.