O Americano desfruta o prazer da conquista do acesso ao grupo de elite do futebol do Rio após seis anos de ausência. Na noite desta quinta-feira, torcedores promoveram uma carreata na área central de Campos para marcar o retorno do Glorioso campista à divisão principal do Campeonato Estadual. Dezenas de carros, motocicletas e bicicletas a bordo de entusiasmados alvinegros a desfraldar suas bandeiras percorreram algumas das principais ruas e avenidas da cidade, sempre com o já tradicional grito triunfante dos vencedores. “O campeão voltou!”.
Para o consultor imobiliário Rider Gonçalves, servidor aposentado da Caixa Econômica Federal, o Alvinegro demonstrou sua grandeza em retornar ao convívio com os grandes do Rio no justo momento de maior dificuldade, sem casa para jogar, muitas vezes até treinar.
— O Americano reforçou sua saga de grande clube ao superar esse desafio num momento de grande dificuldade com a força de sua camisa e tradição. Sem estádio, aprendeu a jogar fora de casa e somou pontos importantes. Tem sido um visitante de bom aproveitamento. E nossa torcida tem atuado junto com o time. Em Itapemirim, pelo Campeonato Brasileiro da Série D, contra o Atlético-ES, havia mais torcedores de Campos do que de lá — disse.
Rider também lembra que a carência de um estádio levou o clube a incertezas quanto ao seu soerguimento.
— Eu esperava que a volta ao grupo de elite fosse mais rápido. Mas sem um estádio para mandar nossos jogos, passei a também ter um sentimento de que não voltaríamos tão cedo. Houve também perseguições da arbitragem em vários jogos, isso após a morte do doutor Eduardo Viana. O cenário ficou muito preocupante — disse.
Organizada pelo torcedor Júlio Manhães, colaborador do clube, a carreata começou num local emblemático e de saudosas recordações para os alvinegros: a avenida Dom Bosco, com 28 de Março, justamente onde se localizava o velho e hoje demolido extinto Estádio Godofredo Cruz, no Parque Tamandaré, palco de memoráveis conquistas do Glorioso. À frente, um carro com um alto- falante entoava o hino do Alvinegro. Alguns torcedores sugeriram que a carreata percorresse a Rua do Gás, em frente ao Aryzão, mas a organização do evento descartou tal possibilidade para evitar qualquer problema com a torcida do rival Goytacaz.
Fundador da torcida Força Jovem, mais tradicional facção de torcida do clube, Iricélio Pinto da Silva, o Teté, 64 anos, também admitiu que não esperava que o retorno do clube à Série A fosse demorar seis anos. E apontou suas razões.
— Essa da negociação do estádio não podia ser feita desse jeito. O Americano tinha que negociar como fez o Grêmio, que só abriu mão do Estádio Olímpico depois que a Arena ficou pronta. E houve também aquela coisa do áudio que nos prejudicou. Telefone celular foi feito para a pessoa se comunicar, não para brincadeiras — disse.
Torcida quer ser o camisa 12 no Estadual
Jorginho Machado, morador do Jardim Carioca, demonstrou preocupação com a contratação de reforços para que o clube permaneça no grupo principal.
— Vamos ter que fazer algumas contratações. Do contrário, corremos risco. Com mais alguns reforços, vamos brigar para ficar entre os 10. Mas no ano seguinte, queremos ficar no pelotão lá da frente, brigando entre os grandes, como sempre — disse.
O presidente da Força, Sérgio Manhães, garante que a torcida será o 12º jogador alvinegro nesta disputa. Pelo menos dois ônibus até agora já estão garantidos para o jogo de domingo, contra a Portuguesa, no estádio de Moça Bonita, pela primeira rodada da Taça Guanabara.