Matheus Berriel
24/01/2019 18:40 - Atualizado em 25/01/2019 19:13
Quem foi à sessão do Cineclube Goitacá, na quarta-feira (23), teve praticamente uma aula sobre samba com o professor e pesquisador Marcelo Sampaio. Foram apresentados os filmes “Guilherme de Brito” (2008), um curta-metragem sobre o grande parceiro de Nelson Cavaquinho, com quem compôs “A Flor e O Espinho”, e “Fala Mangueira” (1983), documentário sobre a Estação Primeira e o morro da Mangueira no início dos anos 1980, escancarando os problemas e as glórias do subúrbio carioca.
Ao final da sessão dupla, os presentes protagonizaram um debate sobre o cenário atual do samba no Brasil, reassumindo o caráter crítico que vem de sua raiz.
— Eu acho o texto do “Fala Mangueira” crítico, ousado e inteligente. Tem umas ironias do Grande Otelo (in memorian) na flexão da voz. Ele brinca com o texto. Outra coisa que percebi foi que o trecho em que toca a música “Sala de Recepção” (Cartola), que fala “aqui se abraça o inimigo como se fosse irmão”, conta com cenas de uma imagem poética linda — disse Marcelo Sampaio.
Entre as cenas exibidas nos dois filmes, também foi comentada a atuação de Guilherme de Brito em uma seresta no distrito fluminense de Conservatória, em Valença, ao lado de Sílvio Caldas (in memorian). No “Fala Mangueira”, destaque para o enterro do compositor Cartola (in memorian) e a simplicidade de duas moradoras do morro tomando banho com dois bebês em uma bica, ao som de “Ensaboa” (Cartola).
Contatado por telefone, o cantor e compositor Reizilan Cartola Neto falou sobre Cartola, sua avó Deolinda (in memorian) e sua mãe, Creusa (in memorian), esta responsável pela gravação original de “Ensaboa” junto ao pai de criação. Por meio do viva-voz, a plateia foi agraciada com Reizilan cantando trechos de músicas do avô e uma sua, “Desde Criança Sou Mangueira”.