Prédios históricos abandonados
Matheus Berriel 18/01/2019 19:30 - Atualizado em 25/01/2019 19:08
  • Solar dos Airizes

    Solar dos Airizes

  • Solar da Baronesa

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  • Museu Olavo Cardoso

    Museu Olavo Cardoso

  • Asilo do Carmo

    Asilo do Carmo

Sai ano, entra ano, e os prédios históricos de Campos continuam sem receber a importância que merecem por parte dos responsáveis. É preocupante o estado em que se encontram o Solar Santo de Antônio, Solar da Baronesa de Muriaé, Solar dos Airizes e Museu Olavo Cardoso, os três primeiros tombados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), e o último, pelo Conselho de Preservação do Patrimônio Histórico e Cultural de Campos (Coppam).
Construído na fase áurea do ciclo da cultura do açúcar, o Solar de Santo Antônio tem problemas estruturais: lajes comprometidas, presença de mofo, cupim, poeira, infiltrações e indícios de roedores e insetos transmissores de doenças. Atualmente, abriga em um anexo o Asilo Nossa Senhora do Carmo. O Ministério da Cultura já liberou verba de R$ 1,5 milhão para que fossem realizadas obras emergenciais, mas, segundo o presidente da instituição, Marcelo Azevedo, estas ainda não aconteceram devido à falta de um local para receber os 60 idosos ali residentes. Na última quarta-feira (16), parte do beiral do telhado do solar caiu. Ninguém ficou ferido e a Defesa Civil não precisou ser acionada.
Em nota, a Prefeitura informou que está buscando um prédio adequado para a realocação dos idosos junto à direção do asilo. “Não é fácil encontrar um prédio que comporte 60 idosos, que tenha acessibilidade e que atenda as determinações do Ministério Público. O único prédio dentro dos critérios necessários foi o do antigo Manoel Cartucho, e a Prefeitura já fez o pedido informal à Santa Casa de Misericórdia de Campos para a disponibilização do espaço. O município tem esta opção e, também, analisa outras possibilidades”, informou a superintendência de Comunicação. Segundo a Prefeitura, o recurso mencionado foi obtido através de emenda parlamentar. “O Ministério Público Federal (MPF), por sua vez, determinou ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) a aplicação de tal verba após transferência dos idosos”, completou a nota.
Em relação ao Solar da Baronesa de Muriaé, uma parceria foi firmada, em maio de 2018, pela Academia Brasileira de Letras (ABL), administradora do prédio, e a Prefeitura de Campos, visando a restauração completa. O encontro entre o presidente da ABL, Marco Lucchesi, e o prefeito Rafael Diniz foi arquitetado pelo reitor do Instituto Federal Fluminense (IFF), Jefferson Manhães. Procurada, a Coordenação de Políticas Culturais e Diversidade do IFF informou que “ainda não recebeu um retorno da ABL sobre o financiamento da reforma do Solar da Baronesa pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Ainda não há previsão de início da obra. A utilização do espaço será realizada tanto pelo IFF quanto pela Prefeitura, os dois órgãos ocuparão o edifício, mas as atividades dar-se-ão por uma gestão compartilhada. Existem propostas de atividades para a ocupação, mas elas serão definidas assim que o edifício for entregue pela ABL”. A Prefeitura não se posicionou sobre o Solar da Baronesa, e as ligações feitas à ABL não foram atendidas.
Antiga residência do jornalista e historiador Alberto Lamego e local que serviu de inspiração para Bernardo Guimarães escrever o romance “A Escrava Isaura”, o Solar dos Airizes está abandonado há mais de uma década, em ruínas, na BR 356, fechado para visitas e/ou ocupação. Atualmente, pertence à Teixeira Holzmann Empreendimentos Imobiliários, empresa de Londrina, no Paraná, que o adquiriu em 2014. Na época, chegou a ser veiculada a informação de que um condomínio seria construído naquela área, preservando a integridade do casarão. Porém, nada foi feito desde então. Não foi possível manter contato telefônico com a empresa, que não atualiza sua página no Facebook desde 2016, e as notícias do site, desde 2015.
Sobre o Museu Olavo Cardoso, outro imóvel largado à própria sorte, este no Centro de Campos, a Prefeitura se limitou a informar que “foi fechado indevidamente pela gestão passada e, de igual modo, rebaixado à condição de centro cultural. Parte do seu acervo foi transferida para o Arquivo Público Municipal, em Tócos, e para o Museu Histórico de Campos, localizado no Centro”. Não foram esclarecidos os questionamentos sobre previsão de obras e reabertura.

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