No distrito de Santo Amaro já é festa. Neste fim de semana a direção do Santuário preparou um esquema especial para receber centenas de devotos que chegam à comunidade para pagar as promessas ao Padroeiro da Baixada Campista. A igreja ficará aberta da noite de segunda-feira (12) a toda a madrugada de terça (13) para receber os peregrinos que refazem a pé todos os anos o Caminho de Santo Amaro. Já a procissão do mastro é uma tradição que une devotos de Santo Amaro.
Toda estrutura foi preparada por um grupo que se encontra para o grande momento: o levantamento do mastro com a imagem de Santo Amaro. Uma tradição que foi implantada por um grupo de devotos que se encontra para um momento mágico. A jovem Viviane Gomes Tavares fala da tradição familiar, que começa com o bisavô, Dalírio Pereira Gomes, um homem simples que certo dia criou um laço diferente e aos poucos foi se tornando a atração principal. Essa invenção foi passada ao filho Miguel de Carvalho Gomes e depois para familiares. A jovem conta da emoção em ver esse legado preservado.
— É um momento muito lindo, onde vemos a imagem de Santo Amaro ser erguida de forma triunfante e nos emociona muito, pois Jesus é o nosso Salvador e Senhor, mas temos um Santo que intercede junto a Ele por nós e é o Padroeiro da baixada. É muito poderoso, pois a cada ano gerações e mais gerações vêm a sua igreja, hoje Santuário, agradecer por algo alcançado em suas vidas, ou pelo simples fato de estar vivo e poder estar ali. Recebem bênçãos e forças para suas lutas de cada dia — disse Viviane.
A festa guarda tradições que são mantidas pelos moradores e transmitidas às novas gerações que se emocionam todos os anos. Maxuel Carvalho fala da festa que reúne os devotos para renovar sua fé, esperança e agradecer a Deus pela vida e as graças alcançadas pela intercessão de Santo Amaro.
— Por acompanhar de perto toda essa tradição eu me emociono, pois são muitas história de milagres e graças alcançadas na vida das pessoas, pessoas essas que não tinham respostas da medicina, onde através de Deus por intercessão de Santo Amaro alcançaram a graça que nem os médicos estavam acreditando na cura. Uma festa linda e abençoada — afirma Maxuel.
São muitas as graças e a cada ano aumenta o número de peregrinos que fazem a pé o Caminho de Santo Amaro. Uma experiência mística que reúne devotos de todas as idades. Preces e a gratidão marcam o rosto de cada peregrino e a alegria na chegada à igreja. E para acolher essa multidão de devotos a primeira missa acontece às 3h.
Margarete Bernardo Ribeiro de Miranda fala de graças recebidas. Seu pai Amaro Ribeiro Filho é natural da região. Todos os anos se desloca do Bairro Vila Manhães para agradecer a Santo Amaro. Nunca se esquece do milagre alcançado na vida de seu filho Vinícius Ribeiro de Miranda.
— Meu pai sempre nos falou de sua devoção ao Padroeiro de sua terra e assim criou os seus 11 filhos com essa devoção. A graça recebida foi em 07 de junho de 1993: nasceu meu filho Vinícius Ribeiro de Miranda e ele tinha dificuldades para andar. Levei a vários médicos, fiz tratamentos e não deram resultados, então ao aproximar-se da festa de Santo Amaro eu acendi uma vela e rezei pedindo a Intercessão para meu filho andar. Prometi que quando ele andasse eu iria colocar ele de anjinho e descalço na procissão e, para nossa alegria, o Vinícius começou a andar sem a gente perceber. Aí logo fiz a roupinha de anjo e fomos pra procissão no dia 15 de janeiro de 1994 e lá deixei na igreja a roupinha de anjo. Somos muito devotos de Santo Amaro — conta Margarete.
A fé em Santo Amaro une gerações que falam de suas experiências de fé e devoção. Aos 90 anos, Maria da Conceição Ramos conta um pouco de sua vida. Desde a infância em Pindobas, na cidade de Quissamã, nasceu a sua devoção e agora em Campos o legado de trabalho pela preservação da tradicional cavalhada. Hoje resta as recordações nas fotos e na centena de amigos que a visitam nos dia 15 de janeiro.
— Muitas recordações. Desde menina que aprendi a amar Santo Amaro. Fui batizada numa capela que meu pai cuidava e nesta capela fiz minha primeira comunhão e me casei. Vim morar em Campos no Distrito de Santo Amaro. Fiz muitas amizades e enquanto tive condições confeccionei as roupas da cavalhada e hoje me resta a alegria de receber tantos amigos. Só tenho que agradecer — conta Maria da Conceição. (A.N.)