Ponto Final - Áreas nobres, Tamandaré a Pelinca viram reféns de empreendimentos
04/12/2018 12:05 - Atualizado em 10/12/2018 15:55
Briga e tiros na madrugada
Uma briga generalizada entre mais de 10 pessoas durante a madrugada, com direito a pedradas, fecha as duas pistas de uma rua residencial. Um dos envolvidos sai de carro, faz a volta e efetua três disparos com arma de fogo. Outro envolvido na briga acompanha o retorno agachado da calçada, atrás de um carro parado, também empunhando uma pistola. Por sorte a confusão na saída da boate Luxx, na rua Pero de Góis, não acabou em tragédia na madrugada do último sábado (01). Para não contar só com a sorte, a superintendência de Postura, a Polícia Militar (PM) e a Guarda Civil Municipal (GCM) discutem o caso na próxima quarta (05).
Versão e fato
A dinâmica foi testemunhada de cima, de um edifício vizinho à boate. No próprio sábado, o fato foi denunciado na Folha 1. Um dos proprietários da boate, o advogado Amaro Galaxe disse na matéria: “Na rua, pós-evento, a gente não tem como acompanhar. Mas, mesmo assim, nossos seguranças, quando saem, ficam em volta para evitar confusão ao redor. Mas não aconteceu, graças a Deus”. Não só aconteceu, com os tiros ouvidos por pessoas distantes do local, como os seguranças não são capazes nem de controlar o som alto dos carros parados em frente à boate, interrompendo o sono da vizinhança em todas as madrugadas de evento.
O rastro
O desrespeito não é só à Lei do Silêncio, que impede o sono durante a madrugada em todo o Parque Tamandaré — área nobre com um dos IPTUs mais caros do município. A rua Pero de Góis foi projetada ainda nos anos 1920 pelo arquiteto francês Alfred Agache (1875/1959). A manutenção das suas duas vias largas, separadas por canteiros arborizados, é um refúgio a quem busca espaços para caminhar ou correr numa cidade que não tem um parque público. Com o rastro de lixo e garrafas quebradas deixados pelos frequentadores da boate, a prática de esporte pela manhã se tornou uma atividade de risco no local antes limpo e tranquilo.
Postura
A boate Luxx já tinha sido notificada e, pela reincidência, agora receberá duas multas no valor total de R$ 1,8 mil. Foi o que informou ontem à coluna o superintendente da Postura, Victor Montalvão. Por iniciativa dele, a reunião desta quarta entre Postura, GCM e PM, para tratar da questão da segurança na praia do Farol durante o verão, abordará também a fiscalização aos problemas gerados pela boate e os ambulantes que se reúnem no local. Montalvão informou que a autorização era apenas para venda em carrinhos, não às barracas metálicas montadas no meio da rua, desde à tarde, antes das madrugadas de evento.
Guarda
A coluna também falou com o comandante da GCM, Fabiano de Araújo Mariano. Ele destacou que são várias irregularidades denunciadas: som alto, barracas de ambulantes não autorizadas, lixo, estacionamento em fila dupla e até tripla, e questões de segurança — como brigas, agressões a mulheres e, agora, até tiros. Mariano garantiu que a questão das filas duplas, que chegam a interromper o tráfego nas madrugadas, a GCM atua quando solicitada. Moradores do local, no entanto, disseram que isso não acontece. E que, apesar do constante transtorno à ordem pública, nunca viram um carro parado irregularmente ser rebocado do local.
PM
Subcomandante do 8º BPM, o tenente coronel Robson também falou com a coluna. Ele confirmou a reunião de quarta, com a Postura e a GCM para tratar das irregularidades na Pero de Góis. Quanto à questão do som alto, moradores garantem que é a PM, não a GCM, que atua para resolver o problema. Robson lembrou que a atuação tem que envolver outros órgãos de fiscalização, não só do município, como os Bombeiros. A PM costuma ter problemas em áreas de comunidades. O Parque Tamandaré sempre conviveu bem com a da Tamarindo. Ironicamente, a “favelização” da área ocorre por conta de um estabelecimento comercial.
E na Pelinca...
Em outra área nobre, na av. Pelinca, o condomínio do edifício Vollare respondeu, no domingo (02), à empreiteira DAC Construções e Pavimentações — que construiu o prédio interditado há nove dias por problemas estruturais. À frente do caso, o blog Ponto de Vista, do diretor da Folha Christiano Abreu Barbosa, reproduziu a nota que representa as 28 famílias desalojadas: “Não há que se falar que a construtora atendera aos parâmetros de segurança (...) quando esta se recusou a proceder as intervenções necessárias desde o primeiro sinal do vício construtivo, protelando uma solução definitiva, obrigando o condomínio a socorrer-se do Judiciário”.
José Renato

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