Maior estado em densidade populacional, terceiro mais populoso do Brasil, assim como terceiro litoral mais extenso do país. Segundo maior Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil. Lar de uma das sete Maravilhas do Mundo Moderno, o Cristo Redentor. Mesmo pequeno em extensão territorial, o Rio de Janeiro impressiona, seja pelas belezas naturais, seja pelo que foi construído no Estado ao longo dos séculos. Porém, nos últimos anos, o que chama a atenção é o número de escândalos envolvendo políticos fluminenses. Todos os governadores vivos do Estado, nos últimos 30 anos, já foram presos, à exceção de Moreira Franco (MDB) e Benedita Silva (PT). Ainda assim, os dois foram citados em delações e investigados. Semana passada, o Rio entrou, mais uma vez, para a parte triste da história, ao ter o primeiro governador preso no exercício do mandato.
Na última quinta-feira, o Palácio Laranjeiras interrompeu sua rotina de poder, quando chegaram ao local policiais federais com a ordem de prisão para o governador Luiz Fernando Pezão (MDB, eleito em 2014). De acordo com o Ministério Público Federal (MPF), há provas documentais do pagamento em espécie ao atual governador de quase R$ 40 milhões, em valores de hoje, entre 2007 e 2015. Ele é acusado de corrupção, lavagem de dinheiro, organização criminosa e fraude em licitações. Ainda segundo o MPF, Pezão não só deu continuidade ao esquema de corrupção de seu antecessor, Sérgio Cabral (MDB), como montou sua própria organização. Pezão - que também é investigado pelas obras do Maracanã e do Arco Metropolitano - nega qualquer irregularidade.
Cabral é um caso à parte: Governador entre 2007 e 2014, foi preso em 17 de novembro de 2016 por suspeita de comandar uma organização criminosa que recebeu mais de R$ 220 milhões em propinas, desde então, Cabral já foi condenado a mais de 183 anos de prisão. Os crimes são variados: fraudes a licitações na reforma do Maracanã e no PAC das Favelas, corrupção, organização criminosa e propina.
Moreira e Benedita: citados em delações
Governador do Rio entre 1987 e 1991, Wellington Moreira Franco (MDB) e Benedita da Silva (PT), que assumiu o Estado em 2002, após Garotinho renunciar para candidatar-se à Presidência da República, também estão na lista de governantes fluminenses investigados, porém, não foram presos.
Moreira foi citado em várias delações. Uma delas, de Paulo Cesena, ex-presidente da Odebrecht Transport. Cesena relata que Moreira pediu — e recebeu — R$ 4 milhões em nome do PMDB, em 2014. Ele chegou a ter sua posse suspensa para Secretaria-Geral da Presidência, no governo Temer, por decisão da Justiça, mas conseguiu derrubar a decisão.
Ex-diretor da Petrobras, Renato Duque implicou Benedita da Silva em delação premiada. Segundo Duque, Benedita teve material de campanha pago pelo esquema que fraudou a Petrobras, quando foi eleita para a Câmara, em 2010.
Casal Garotinho: condenação na Chequinho
Embora tenham “comemorado” as prisões de Pezão e Cabral, os ex-governadores Anthony (PRP) e Rosinha (Patri) Garotinho também já foram presos. O governador eleito em 1998, aliás, já esteve na prisão por três vezes: a primeira, em 16 de novembro de 2016, por suposta coação de testemunhas no âmbito da operação Chequinho.
Naquela vez, ele não chegou ir para cadeia, pois passou mal, foi internado e protagonizou uma das cenas mais lembradas da política brasileira: o escândalo da ambulância, em que tentou não ser levado do hospital para prisão.
Em 13 de setembro do ano seguinte, cadeia mais uma vez, quando foi condenado por, segundo a Justiça, liderar o esquema de troca de votos por Cheque Cidadão. Rosinha, eleita governadora em 2002, também foi condenada, mas à inelegibilidade por oito anos.
Em 22 de novembro de 2017, nova prisão, mas na operação Caixa d’Água. Rosinha também foi presa no mesmo dia e o Rio viu outro fato inédito, até então: a cadeia de Benfica abrigou, ao mesmo tempo, três ex-governadores: Sérgio Cabral, Anthony e Rosinha Garotinho.
O casal foi preso sob a acusação de, ao lado de outras seis pessoas, integrarem organização criminosa que arrecadava recursos de forma ilícita com empresários com o objetivo de financiar as próprias campanhas eleitorais e a de aliados, inclusive mediante extorsão. A ação está suspensa pelo STF.
Os dois negam, dizendo serem vítimas de perseguição política.