Victor de Azevedo
29/12/2018 14:48 - Atualizado em 02/01/2019 15:17
Ao longo do ano, Campos enfrentou graves problemas na área da segurança pública. Homicídios, roubos, assaltos e muita violência geraram a sensação constante de insegurança na população. Porém, uma mudança de estratégia na forma de atuação da Polícia Militar, iniciada no final de novembro, gerou resultados positivos, com a redução nos índices da criminalidade trazendo esperanças por dias melhores e mais seguros.
De acordo com comandante do 8º Batalhão da Polícia Militar, tenente-coronel Fabiano de Souza, a alteração na forma do policiamento ostensivo foi providencial para a redução, principalmente na questão dos homicídios no subdistrito de Guarus.
— Mudamos de forma estratégica o policiamento, desde as últimas semanas de novembro. E a gente acredita que, através dessa mudança, estamos conseguindo reduzir ainda mais a criminalidade. Desde que houve essa alteração, os registros diminuíram bastante. E o policiamento é dinâmico. A gente começa com um modus operandi e segue até o ponto que dá certo. Mas chega um momento em que temos que mudar, porque o crime também estuda a nossa estratégia e cria a deles — ressaltou.
Segundo dados da Folha da Manhã, até o fechamento desta edição, foram registrados 219 homicídios em Campos. O mês mais violento foi abril, quando foram assassinadas 25 pessoas. Em novembro, até o dia 20, a cidade tinha registrado 15 homicídios. A partir daí, após a mudança na estratégia da policia, houve uma redução nos casos. Nos últimos dez dias de novembro, foram cinco homicídios. Já em dezembro, foram sete, o mês menos violento do ano em Campos.
Outro fator que fez crescer as estatísticas da violência no município foi a situação da “Faixa de Gaza”, uma das áreas de conflito mais perigosas do interior fluminense. Os bairros que fazem parte da região são os parques Santa Rosa, Santa Clara, Prazeres, Presidente Vargas, Bandeirantes, Eldorado, Novo Eldorado e, também, Custodópolis e Codin. Em dezembro, por exemplo, dos sete homicídios registrados, quatro foram na área de conflito.
Ainda segundo o tenente-coronel Fabiano Santos, a Polícia atuou ao longo do ano com operações diárias como a “Ressonância” e a “Proteger e Servir”.
— Ao longo do ano, fizemos várias operações, principalmente em áreas de conflito, que ajudaram no combate à violência. Realizamos ações determinadas, buscando a diminuição da circulação de drogas, armas e veículos irregulares, além de cumprir mandados de busca e apreensão e de prisão. Estamos lutando para tentar reduzir os índices — disse.
Apesar do ano complicado, o comandante considera positivo o saldo para a segurança pública nesta reta final de 2018.
— Foi um ano difícil, mas as ações implementadas e novas estratégias começam a dar certo. Dezembro foi bem mais tranquilo em relação aos outros meses e, dessa forma, a gente espera que prossiga no ano que vem — concluiu o tenente-coronel.
Cruzada e Verde Oliva contra criminalidade em Campos
A intervenção federal na segurança pública do Rio de Janeiro foi iniciada no dia 16 de fevereiro, mas Campos só recebeu a ação no dia 9 de agosto, com a “Operação Cruzada”, que contou com 800 agentes do Exército Brasileiro, Corpo de Bombeiros e das polícias Militar, Civil, Rodoviária Federal, além da colaboração do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).
Trinta pessoas foram presas, entre flagrantes e cumprimento de mandados de prisão, e 100 casas de moradores, que haviam sido expulsos, foram retomadas. Dois veículos blindados do Exército e um do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), modelo Urutu, também atuaram nas ruas de Guarus. Dias depois, os blindados realizaram rondas noturnas nas áreas de conflito.
A operação impressionou, mas a intervenção acabou não influenciando diretamente na redução da criminalidade em Campos, na diminuição dos índices de homicídios.
Já em outubro, foi deflagrada a operação “Verde Oliva”. Foi uma ação conjunta das polícias Civil, Militar e do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco). Na ocasião, o delegado da 146ª Delegacia de Polícia (DP), de Guarus, Luís Maurício Armond, informou que o principal chefe do tráfico do Parque Eldorado, da facção Terceiro Comando Puro (TCP), ordenava, de dentro da prisão, execuções e extorsões a políticos. A investigação da quadrilha teve início após a morte do militar do exército Hugo Soares de Alvarenga, no dia 24 de junho deste ano. A operação resultou na detenção de 28 pessoas, entre prisões e apreensões de menores, e um dos presos foi o jogador de futebol Yuri de Carvalho da Silva, de 23 anos, atacante do Campos Atlético Associação.
O objetivo foi cumprir 37 mandados de prisão temporária e 40 de busca e apreensão contra uma quadrilha suspeita de tráfico de drogas e homicídios ocorridos em Guarus. Além de buscas e apreensões nas casas dos suspeitos, os agentes fizeram varreduras em celas do presídio Carlos Tinoco da Fonseca. Segundo Armond, as investigações identificaram quatro chefias de uma mesma facção do tráfico no Eldorado.
Natal com menos roubos em Campos
Dados divulgados pelo 8º BPM informam que, durante a Operação Papai Noel, realizada de 20 a 26 de dezembro, em função do Natal, a ocorrência de delitos também foi reduzida em 2018, se comparado o mesmo período do ano passado. O número de homicídios caiu em 83%; o de roubo a veículos, em 57%; e o de roubo de rua (a transeuntes), 58%.
A operação da PM contou com apoio da Guarda Civil e foi realizada no Centro e em outras áreas comerciais de Campos, como a Pelinca. O objetivo foi reprimir crimes na época em que aumenta a movimentação do comércio por causa das compras de Natal e fim de ano. Cerca 30 policiais, com motos e uma viatura, realizaram rondas entre 6h e 22h.
Segundo o tenente coronel Fabiano de Souza, além da Papai Noel, outro fator que contribuiu para a redução da violência foi a prisão da quadrilha especializada em roubo de celular, na operação “Quebrando a banca”.
— A ação foi de suma importância para a diminuição de assaltos, que costumam aumentar nessa época do ano. E a expectativa se confirmou, já que, com muitos receptadores presos, diminuiu a incidência de roubo de celulares. A ação ocorreu em momento propício, de movimento grande pessoas em áreas comerciais e, com o reforço da presença da PM e da Guarda nas ruas, passamos a sensação mais de segurança e inibimos a prática de delitos — disse o comandante.