Camilla Silva
15/12/2018 18:06 - Atualizado em 17/12/2018 14:07
O Ministério de Saúde divulgou, na última semana, a lista com o Levantamento Rápido do Índice de Infestação por Aedes aegypti (LIRAa) de todos os municípios do país. Mais de 500 registraram alto índice de infestação pelo mosquito causador dos quatro tipos de dengue além de zika e chikungunya, doenças que podem desenvolver diversas outras enfermidades e síndromes. No relatório, dois municípios da região Norte e Noroeste estão em situação mais grave. Campos, que em maio deste ano decretou estado de emergência, quando registrou 6,1 de índice de infestação, em meio a uma epidemia de chikungunya, apresentou sua primeira redução em agosto, com 3,7, após intensificação dos trabalhos e aparece na listagem do Ministério da Saúde com 2,6; figurando entre os municípios em estado de alerta. O decreto de situação de emergência, no entanto, continua em vigor até janeiro. Mesmo com a apresentação decrescente dos índices de infestação, autoridades municipais pedem que população se mantenha alerta para a prevenção das doenças, principalmente com a chegada do verão, estação das chuvas.
Pelo LIRAa são consideradas em situação de risco as cidades com índice de infestação acima de 4; em alerta, com o índice entre 1% a 3,9% e tem índices satisfatórios quando o valor é inferior a 1%. O último LIRAa de Campos, divulgado em outubro, indicava 2,6; o que configura a situação de alerta. O próximo Levantamento será divulgado em janeiro.
De acordo com dados da Vigilância em Saúde da secretaria municipal de Saúde, até o momento, 6.987 casos de Chikungunya foram confirmados no município. Segundo o diretor do Centro de Referência de Doenças Imuno-infecciosas (CRDI), Luiz José de Souza, o pico da doença ocorreu nos meses de maio, junho e julho de 2018. “Depois disso os números foram caindo. No entanto, continuamos tendo casos relatados ainda em dezembro”, relata.
A Prefeitura informa que segue com ações de limpeza e prevenção ao mosquito, através dos agentes do Centro de Controle de Zoonoses (CCZ), que seguem um cronograma de trabalho. A superintendência de Limpeza Pública, secretaria de Desenvolvimento Ambiental e CCZ estão intensificando os trabalhos de combate ao mosquito também no Farol de São Thomé, onde, neste período, aumenta o número de frequentadores. “O objetivo é amenizar a incidência do vetor na estação mais quente do ano”, disse em nota, enfatizando também “a importância de a população manter os cuidados de prevenção”.
Decreto — A situação de emergência, reconhecida em 5 de julho deste ano, após o LIRAa de maio em 6,1, ainda está em vigor. No entanto, o município não vive mais uma epidemia. A medida se fez necessária para enfrentamento à situação, uma vez que, a partir do decreto, ficam autorizados o remanejamento de servidores e prestadores de serviço para atender às demandas da secretaria de Saúde e do Centro de Controle de Zoonoses, e a entrada forçada em imóveis particulares, nos casos de recusa ou de ausência do responsável para dar acesso.
Conceição de Macabu e Miracema na lista de risco
Dois municípios da região Norte e Noroeste apresentam risco de surto para doenças transmitidas pelo mosquito na região, segundo relatório do Ministério da Saúde. O LIRAa de Conceição de Macabu ficou em 4,4 e o de Miracema em 4,7. As prefeituras informaram que, apesar do alto índice, o número de casos de doenças decorrentes do Aedes aegypti é baixo, e ressaltam que o apoio da população é essencial para o combate ao transmissor.
Em nota, Conceição de Macabu informou que não há surto na cidade. “Ao longo desse ano, o município registrou 10 casos de dengue notificados, 1 caso de Zika e 2 casos de Chikungunya”.
Ainda segundo a nota, o setor de vigilância ambiental “atuou no combate ao mosquito, por meio de visita domiciliar por área, cursos de capacitação e treinamento de agentes de endemias e na aquisição de equipamentos para combater o mosquito”.
A administração de Miracema informou que o quantitativo de agentes de combate a endemias é compatível ao número de imóveis do município e que segundo o Sistema de Informações de Agravos de Notificação, foram registrados 14 casos das doenças, sendo 8 de Chikungunya e 6 de dengue. “Não há motivo para a população se preocupar, contudo é necessário lembrar que todos devem fazer sua parte no combate às endemias”, relata.
População deve se manter atenta
O Aedes aegypti é um velho conhecido dos brasileiros. Há pelo menos 30 anos circula em território nacional se apresentando cada vez mais nocivo ao convívio com a população. Em suas aparições trouxe à tona quatro sorotipos de dengue, que imperaram em revezamento por mais de 25 anos até que foram introduzidas também a zika e a chikungunya, fazendo com que o vetor perdesse o apelido de “mosquito da dengue”. As duas últimas doenças, até então raras na literatura médica, uma vez em circulação, trouxeram agravamentos como a microcefalia em bebês de gestantes que contraíram a zika, além da Guilain Barrè e reumatismos severos em pacientes com chikungunya.
Luiz José ressalta que o vírus da chikungunya ainda circula em Campos e que por isso a população, assim como os gestores públicos, não devem se descuidar. “O vírus está presente, está circulando, estamos tendo casos. Com o verão e com as chuvas, vai haver aumento do número. Eu não digo epidemia, mas vai haver aumento. A chikungunya vai continuar e há a possibilidade da dengue entrar também. Os poderes públicos devem estar atentos, mantendo a guarda na assistência e intensificando o trabalho de prevenção, tanto o poder público, quanto a população”, disse o médico que acredita na possibilidade de reinserção do sorotipo 3, cuja população, principalmente os que tinham menos de 15 anos em 2007, última epidemia deste sorotipo, além de parte da população mais velha, não está imune à doença, por não tê-la adquirido.