Guilherme Belido Escreve - "Brasil! Mostra a tua cara..."
01/12/2018 16:43 - Atualizado em 03/12/2018 14:52
Estudos recentes apontam o desprezo do Brasil por sua gente – pelos mais pobres – cujos números estarrecedores mostram que mais de 16 milhões de brasileiros vivem abaixo da linha da pobreza.
Nesta situação de absurda tragédia humana, um dado salta como ainda mais devastador: o quantitativo da infâmia ‘pulou’ para 16 milhões porque só nos últimos três anos mais seis milhões de pessoas engrossaram a fatia dos desafortunados que se encontram na extrema pobreza – cenário que não se via desde 1989.
Os dados são da Fundação Getúlio Vargas (FGV), ratificado pela Organização Não Governamental Oxfam, que na segunda-feira (26) divulgou relatório indicando que o Brasil subiu no ranking da desigualdade de renda, ocupando agora a 9ª posição. Segundo a Oxfam, foi a primeira vez após 15 anos que o país interrompeu a curva descendente das desigualdades e, de acordo com a direção-executiva da ONG, “o Brasil pode estar caminhando para um grande retrocesso”.
O espectro da desigualdade
O Brasil não precisava aparecer nas estatísticas como a 9ª economia do mundo – à frente do Canadá, da Rússia e da Austrália (citando apenas três países) – para que o contraste da desigualdade fosse algo inaceitável. Basta um olhar sobre à terra de dimensão continental, de extraordinárias riquezas, de clima ameno o ano inteiro e sem registro das intempéries da natureza que a tantos países afetam, para que se constate o tamanho da injustiça social imposta à considerável fatia do povo.
Num exemplo do inacreditável, em 2017 relato da Organização Oxfam afirmou que os seis maiores bilionários do Brasil, juntos, “possuíam riqueza equivalente à da metade mais pobre da população”. (Aqui, o leitor chega a pensar que leu errado).
E os números da desgraça não param por aí. De acordo com pesquisa realizada pelo Centro de Estudos das Nações Unidas, o Brasil também aparece entre os países mais desiguais do mundo, sendo que 1% da parcela mais rica concentra 23% do total da renda nacional – dado que fere o país com a ‘marca’ de terceiro pior índice de Gini da América Latina e Caribe, “perdendo” apenas para Colômbia e Honduras.
Renda – No âmbito da desigualdade, a renda aparece como um dos grandes vilões na deformação social da nação. Seguindo no que apurou a Osfam do Brasil, no ano passado os 50% mais pobres da população tiveram perda de renda de 3,5%, enquanto a fatia que representa os 10% dos mais ricos viram crescer em aproximadamente 6% seus ganhos. Ou seja, o palco social da deformidade é a escuridão em busca da escuridão: os mais ricos, que não precisam, receberam mais 6% em seus rendimentos de trabalho, enquanto os pobres, cujas rendas não alcançam o salário mínimo, tiveram retração de seus “ganhos”. Então, lembrando Legião Urbana, “que país é esse?”
Dados sombrios
Os levantamentos são alarmantes na medida em que se observa que o Brasil, no geral, está na contramão do que se esperava estivesse sendo feito em favor dos mais carentes. Ao contrário, a maioria dos governantes só não é mais incompetente do que corrupta.
Seja como for, a prática é o avesso do que se propaga. Na verdade, a máquina pública trabalha a favor dos ricos e em desfavor dos pobres. Beneficia os aquinhoados não apenas dando-lhes mais, como retirando dos que quase nada têm para engordar os que estão fartos.
O relatório da Oxfam adverte que somente em 2017 o número de pobres cresceu 11%, chegando a 15 milhões. O volume dos gastos sociais retrocedeu ao nível de 2001 e pela primeira vez em quase 30 anos o Brasil registrou alta na mortalidade infantil. A diferença salarial entre negros e brancos aumentou, e também pela 1ª vez em mais de 20 anos a renda média das mulheres caiu em relação à dos homens.
Um parêntesis que diz muito de tudo isso: mesmo com a Lava Jato a todo vapor e colocando mais e mais corruptos na cadeia, o governador Luiz Fernando Pezão, à frente de um estado totalmente quebrado pelo esquema de propina de seu antecessor, que está preso e condenado a penas que somam 170 anos, – foi acusado pela procuradora-geral da República de dar prosseguimento ao crime de lavagem de dinheiro, à organização criminosa, e de ter montado seu próprio esquema de corrupção. Inacreditável!
Enfim, muito por conta da corrupção, o Brasil é cada vez mais um país de maioria extremamente pobre e minoria extremamente rica.

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