Orlando Portugal quer fazer da CDL um local dinâmico
Jane Ribeiro e Aluysio Abreu Barbosa 08/12/2018 18:48 - Atualizado em 10/12/2018 15:33
Orlando Portugal
Orlando Portugal / Rodrigo Silveira
O presidente eleito da Câmara de Dirigentes Lojistas (CDL) de Campos, Orlando Portugal, toma posse nesta terça-feira, dia 11 de dezembro. A solenidade acontece às 9h, durante um café com empresários e autoridades locais. Orlando fica no cargo para um mandato de um ano, com direito à reeleição. O empresário foi eleito, por aclamação, e vai substituir o também empresário Joilson Barcelos, que ficou na direção da CDL por dois anos.
Durante entrevista, o novo presidente falou sobre os desafios da sua gestão, dos principais projetos, de sua experiência no governo Rosinha Garotinho, da sua posição diante do futuro cenário político da cidade, da parceria que pretende manter com o prefeito Rafael Diniz e do apoio político que pretende alcançar para desenvolver um bom mandato à frente da entidade.
Folha da Manhã – A presidência da CDL não é uma tarefa fácil. O senhor está preparado para esse desafio?
Orlando Portugal – Eu acredito que Deus não escolhe os capacitados, ele capacita os escolhidos. Então, quanto ao desafio, estou muito tranquilo, mesmo porque eu conheço os trâmites da CDL. Faremos dela um local dinâmico.
Folha – Quais são os seus principais projetos?
Orlando – Primeiramente manter a unidade da casa. A CDL tem por natureza ter um grupo antigo, mas que trabalha. Vamos dar continuidade ao quadro funcional da casa, trazendo mais empresários e comerciantes para que se associem e conheçam a entidade, suas atividades e suas ferramentas para atender o seu negócio e melhorar seu faturamento.
Folha – O senhor, em uma entrevista, falou que o empresariado é muito punido com altos impostos e que pretende reverter essa situação. O que pretende fazer?
Orlando – Nós temos que analisar de que forma os impostos estão aumentando e afetando o empresariado, esse será o meu primeiro ponto a ser analisado. O país está sendo passado a limpo, teremos a partir de janeiro um novo presidente do Brasil, um novo governador do Estado. Com essa mudança é que vamos buscar junto aos deputados estaduais a possibilidade de desoneração do Estado para que a iniciativa privada possa gerar emprego. E falando no Estado, vamos também procurar o município, porque Campos tem uma vocação agrícola muito grande e o gestor precisa aplicar recursos nessa pasta. O pequeno agricultor sustenta essa massa e será esse chamamento que vamos fazer. Sabemos que o município passou por problemas financeiros e tivemos aumento do IPTU, aumento de taxa para legalização de empresas, alvará, entre outros. Se o prefeito e os vereadores, no momento de dificuldade, tiveram a coragem de aumentar os impostos, agora que as coisas estão melhorando, terão que ter coragem para desfazer tudo isso. Qualquer empresário hoje paga muito imposto e o governo municipal não pode esquecer que o comércio como um todo participa com mais de 35% da arrecadação do município. Diante de tudo, isso se tiver que sentar com o governador e com o atual prefeito farei. O governador vai governar para todos e assim é o prefeito, ele tem que governar para todos.
Folha – O futuro governador Wilson Witzel não tem muita experiência política. Isso assusta a classe empresarial?
Orlando – O que me assusta muito das vezes é quando alguém ao ganhar alguma coisa fica coberto de vaidade. E isso ele não é, um ponto que já me ganhou. Te digo uma coisa por experiência própria, o serviço público é pedreira. Tenho certeza que Rafael não tinha noção do que é a administração pública, que é um conjunto de muitas necessidades. E se você não tiver o pé muito no chão, e uma equipe muito aguerrida, esquece, porque não vai a lugar nenhum. Se não tiver gestão e um corpo de funcionários que pensa igual a você, ao ponto de você não conseguir progredir, está fadado ao fracasso.
Folha – Como avalia os dois anos de governo Rafael Diniz? Em seu entender, quais são suas principais virtudes e defeitos?
Orlando – Defeito eu não acho que teria, por mais que alguém faça alguma coisa da maneira que eu não fizesse, isso não é um defeito dele, pode ser uma virtude, dependendo do ângulo que eu não estou vendo. Te digo uma coisa, ele tem vários jovens ao lado dele, pessoas da sociedade de Campos, que sempre fizeram a diferença. Agora, o que difere as pessoas é a quantidade de poeira que elas têm na mochila. Com pouca poeira, pouca experiência. O que falta ao governo Rafael é experiência, um pouco de “cabelo branco”. A CDL de Campos está à disposição do prefeito de Campos, secretários para ajudar no que for possível. Somos e continuaremos a ser parceiros em prol da nossa cidade.
Folha – A parceria será o melhor caminho?
Orlando – Não existe nada melhor que o diálogo. A contrapartida da nossa conversa terá que ter uma resolutividade. Não adianta simplesmente indicar as questões se não tiver contrapartida. Eu digo sempre o seguinte: entro em qualquer lugar, converso com qualquer um. A democracia nos mostra isso e Campos precisa mudar um pouco. A questão do quanto pior melhor tem que acabar. Isso afeta toda a população. No período eleitoral as pessoas se unem em grupos. A política só é importante para o político se for para servir o outro. Se for para servir a si próprio, pode esquecer. Está fadado a ter uma eleição só. Nós temos uma Câmara de Vereadores pensante, mas não pode se desvirtuar à função de cada ente, do seu lugar específico.
Folha – O senhor foi secretário de Desenvolvimento Econômico do governo Rosinha Garotinho. O garotismo o acompanha em sua chegada à presidência da CDL. Por quê?
Orlando – Quero deixar bem claro que eu, na minha vida, acompanhei várias pessoas e tenho o seguinte princípio: eu consigo absorver o que é bom e o que não serve eu descarto. Fui secretário, sim, no governo Rosinha, tive a oportunidade de estar à frente de uma pasta como a de Desenvolvimento Econômico, tenho certeza do dever cumprido para a função a qual fui escalado. Posso deixar como exemplo 16 mil empreendedores individuais formalizados em Campos, festival gastronômico, apoio ao Festival de Petisco, inserção ao turismo. O primeiro Inventário Turístico foi feito pela minha pasta. Na época, participei do Coppam, de várias entidades o tempo inteiro. O que eu posso dizer é que os políticos passam e as pessoas ficam. Os políticos lá na frente podem até voltar. Não levarei nada que não for positivo para a minha gestão.
Folha – Há dentro da CDL Campos duas correntes: uma ligada à política partidária e outra apolítica. Entre os próprios lojistas, o senhor é considerado da primeira. No seu entender, qual deveria ser o limite entre a política de classe e partidária?
Orlando – A CDL faz uma política classista, embora eu entenda que ela deva estar na política, mas não necessariamente política partidária dentro da casa. Isso não vai acontecer nunca, podem ter certeza disso. A necessidade de nós termos uma inserção na política da porta para fora é para alcançarmos o melhor para o empresariado. Dentro da CDL não tem política (partidária). Embora eu tenha tido uma vida política, nunca ter levado a política para lá.
Folha – Além dos Garotinho, o senhor é também ligado ao empresário Joilson Barcelos, a quem sucederá na CDL. E ele é apontado como possível terceira via entre Wladimir Garotinho e Rafael Diniz, na eleição a prefeito de 2020. Como se posicionaria nessa eventual disputa?
Orlando – Eu não tenho problema nenhum com relação a isso. Eu acho o seguinte, todos nós podemos ser candidato a qualquer posto político, independente de ser empresário, cidadão comum. Desde que estejamos liberados eleitoralmente, podemos atuar em qualquer lugar. Estarei ao lado de quem sempre lutar melhor por Campos. Todos nós torcemos por um time na vida, mas a cada quatro anos torcemos todos pelo Brasil na Copa do Mundo. Joilson é um ótimo nome, uma pessoa que trabalha muito, humilde, empresário de sucesso, tem uma geração de emprego enorme, veio do interior e venceu. Wladimir veio de uma família política, é um ótimo rapaz, tem oportunidade de dizer para que veio, conheço pessoalmente. Rafael Diniz ainda tem oportunidade de mostrar, nos próximos dois anos, para que veio. Ele passou por várias questões difíceis, assim como todo o país, e eu torço por ele. Porque se eu não torcer por ele não estaria torcendo pela minha cidade. E sou campista e não consigo acreditar que a cidade não consiga se reerguer. Eu tenho relação boa com todos. Terá o meu apoio aquele que fizer o melhor para Campos. Nesse meio tempo muitos nomes podem surgir.
Folha – Na sua gestão no governo Rosinha, sua atuação era entendida como uma parceria com o ex-secretário de Fazenda Walter Jober. Entre o empresariado, ele seria o mau e o senhor, o bom, nas questões envolvendo as duas pastas. O que pode falar sobre isso?
Orlando – Walter Jober é um amigo que não conhecia Campos e na época da Fepe ele desconhecia uma lei que regulava a feira. Ele, na época, desempenhou o papel de fazendário e cobrou taxa de localização. Eu estava lá nesse dia quando chegou um fiscal e eu falei que iria conversar com ele e isso foi feito. Foi divulgado pela imprensa que eu estaria querendo obter facilidade no meio empresarial. Isso foi um engano, eu não preciso disso. Depois de tudo esclarecido ele voltou atrás e retirou todas as questões de fiscalização. É um ótimo profissional.
Folha – O senhor atua no ramo de farmácias. Como vê a explosão recente desse setor na cidade de Campos? Há quem especule que seria uma forma de lavar dinheiro. O que pode dizer sobre isso?
Orlando – Só quem poderia afirmar que isso estaria ocorrendo é o Ministério Público. Mas que existe um número bem expressivo de drogarias pagando aluguéis a peso de ouro, isso existe sim. A Organização Mundial de Saúde diz que são 4 mil habitantes para cada farmácia. Se fizermos uma conta rápida, teremos, por baixo, somente 1.500 habitantes por farmácia. Isso na área central, porque nos distritos não tem. Cabe ao poder público intervir e organizar essa questão. Quer abrir nova farmácia, mas também terá que atender o nosso município em locais mais distantes. Farmácia é uma unidade de saúde, não veio para fazer comércio. Ela é um comércio, mas voltada para a saúde e satisfação do trabalhador. O governo deveria agir.

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