Aluysio Abreu Barbosa
17/12/2018 22:39 - Atualizado em 25/12/2018 13:10
Esquecido nos últimos três anos da gestão Rosinha Garotinho e retomado só no segundo ano da administração Rafael Diniz, o Prêmio Municipal de Cultura Alberto Ribeiro Lamego será entregue nesta quarta-feira, dia 19, a partir das 19h. O palco da cerimônia será o Museu Histórico de Campos, na praça São Salvador. Os 10 vencedores do prêmio, dois por cada ano entre 2014 e 2018, só tiveram seus nomes divulgados na última sexta-feira (14), pelo blog Opiniões, hospedado na Folha 1, assim como na coluna Ponto Final, na edição da Folha da Manhã de sábado (15). Pela superintendência de Comunicação (Supcom), a divulgação dos nomes só foi feita ontem (17), três dias depois e apenas dois antes do evento.
A despeito de tanto atraso na entrega e na divulgação oficial do prêmio mais importante da cultura de Campos, seus vencedores são: por 2014, o maestro Anoeli Maciel (in memorian) e a professora Arlete Sendra; por 2015, o sambista Jorge da Paz Almeida (in memorian) e o jornalista Herbson Freitas; por 2016, o diretor teatral e poeta Antonio Roberto de Góis Cavalcante, o Kapi (in memorian), e o radialista José Sales; por 2017, o professor Luiz Magalhães (in memorian) e a jongueira Geneci Maria da Penha, a Noinha; e, por 2018, a atriz Maria Helena Gomes (in memorian) e o maestro Ricardo Azevedo.
O prêmio Alberto Lamego foi criado em 1987, pela historiadora, empresária e diretora-presidente do grupo Folha, Diva Abreu Barbosa. Ela era a chefe do então departamento municipal de cultura — correspondente hoje à Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima — no último governo Zezé Barbosa em Campos. Diva contou como aquele processo serviu para homenagear um dos nomes mais importantes da cultura do município e para fazer as pazes com outro:
— Alberto Lamego tinha morrido dois anos antes, em 1985. E apesar da sua importância não só a Campos, mas ao Brasil, seu enterro no Cemitério do Caju foi pouco prestigiado. Seu amigo e outro grande nome que Campos deu às letras do país, José Cândido de Carvalho ficou muito contrariado com a pouca importância dada pela cidade à morte de Lamego. Com seu nome, o prêmio foi criado para retratar essa injustiça. E teve como um dos primeiros ganhadores José Cândido, que fez a partir dali as pazes com sua cidade natal. Os outros dois ganhadores, naquele primeiro ano, foram o poeta Osório Peixoto e o jornalista Hervé Salgado Rodrigues.
De lá para cá, a eleição ao prêmio foi feita anualmente pelo Conselho Municipal de Cultura (Comcultura). E os premiados passaram a ser duas pessoas: uma viva e outra, em homenagem póstuma, com contribuições importantes na área cultural. Só que, a partir de 2014, durante o segundo governo Rosinha, o Alberto Lamego simplesmente deixou de ser entregue.
Presidente com Comcultura naquele período, o jornalista e professor Orávio de Campos Soares admitiu que o prêmio realmente ficou acumulado de 2014 a 2016. Mas que, depois de escolhidos neste último ano, os ganhadores vivos e os representantes dos mortos foram avisados. Segundo ele, a entrega teria sido marcada no mesmo Museu Histórico de Campos para dezembro de 2016, mas acabou não acontecendo. Sobre os motivos do acúmulo e da não realização da entrega, ele respondeu:
— Acabamos acumulando três anos pelo mesmo motivo que o atual governo deixou acumular dois anos. A partir de 2014 tivemos uma série de turbulências na cultura do município. Mas quando fizemos a escolha dos vencedores, em 2016, avisamos sim às pessoas. A entrega foi marcada para dezembro daquele ano, depois da eleição municipal de outubro. Mas, talvez pelo governo que chegava ao fim, acabou não indo ninguém.
Com os seis prêmios Alberto Lamego acumulados entre 2014/16, os quatro vencedores de 2017 e 2018 foram escolhidos entre setembro e outubro deste ano, pela atual formação do Comcultura. Seu presidente, Rafael Damasceno, disse que a decisão foi encaminhada desde então à Supcom. Só que, até ontem, a única divulgação oficial no site da Prefeitura de Campos havia sido uma matéria de 30 de novembro que anunciava de passagem a entrega dos prêmios em dezembro, sem citar o nome de nenhum ganhador.
Presidente da Fundação Cultural Jornalista Oswaldo Lima (FCJOL), Cristina Lima disse que avisou pessoalmente aos vencedores vivos e aos familiares ou representantes dos falecidos. Com o acúmulo das atividades no segundo semestre, com a Bienal do Livro e a Conferência Municipal de Cultura, ela admitiu que a divulgação do prêmio Alberto Lamego deixou a desejar:
— Eu ocupo uma cadeira no Comcultura, mas não sou sua presidente. Até sugeri que, com o acúmulo de atividades na área de cultura, a entrega do prêmio Alberto Lamego fosse feita em março do ano que vem. Mas pelo atraso acumulado desde 2014, a maioria foi favorável a entregar este ano. Fui pessoalmente à casa de cada um entregar o ofício da premiação. A divulgação realmente poderia ter sido melhor. A cerimônia será modesta, mas tenho certeza que fará jus aos vencedores. Nosso objetivo é voltar a fazer a entrega anualmente, sem deixar acumular novamente.