O ex-presidente Lula (PT) prestou depoimento, na tarde desta quarta-feira, na sede da Justiça Federal, em Curitiba. Foi a primeira vez que ele deixou a superintendência da Polícia Federal, na mesma cidade, onde está preso desde 7 de abril por condenação a 12 anos e um mês no caso do triplex do Guarujá. Lula foi interrogado pela juíza federal substituta Gabriela Hardt no processo que investiga reformas feitas no sítio de Atibaia, em São Paulo. O ex-presidente afirmou que havia pensado em comprar o sítio de Atibaia, em São Paulo, mas que o dono do local não quis vendê-lo.
Apoiadores do ex-presidente ficaram em frente à sede da PF desde o início da manhã. Eles também fizeram manifestações com faixas e cartazes em frente ao prédio da Justiça Federal durante a audiência.
No interrogatório, Lula disse, ao falar sobre o sítio de Atibaia: “Eu na verdade pensei em comprar o sitio para agradar a Marisa em 2016. Eu tive pensando porque se eu quisesse comprar o sitio eu tinha dinheiro para comprar o sitio. Acontece que o Jacob Bittar não pensava em vender o sítio, o Jacob Bittar tinha aquilo como patrimônio”.
O petista afirmou ainda: “Eu nunca conversei com ninguém sobre as obras do sítio de Atibaia porque eu queria provar que o sítio não era meu. E hoje aqui nessa tribuna vocês me deram o testemunho: o sítio não é do seu Lula. Eu pensei que eu vim aqui prestar depoimento porque o sítio era meu. O sítio não é meu”.
No início do interrogatório, Lula e a juíza Gabriela chegaram a discutir, quando ele indagou a ela se era ou não proprietário do sítio. “Doutora, eu só queria perguntar para o meu esclarecimento. Eu sou o dono do sítio ou não? Porque eu estou disposto a responder toda e qualquer pergunta. Eu sou dono do sítio ou não?”, perguntou. “Isso o senhor que tem que responder e eu não estou sendo interrogada nesse momento”, disse a juíza. Lula interrompeu dizendo que tem que responder é quem o acusou. Gabriela então chamou a atenção de Lula: “Senhor ex-presidente, esse é um interrogatório. E se o senhor começar nesse tom comigo, a gente vai ter problema”.
A juíza Gabriela Hardt, substituta na 13ª Vara da Justiça Federal de Curitiba, assumiu temporariamente a os processos da Lava Jato, antes conduzidos pelo juiz Sérgio Moro que, a partir de janeiro, assume o ministério da Justiça e Segurança Pública.
De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), o ex-presidente Lula recebeu propina do Grupo Schain, de José Carlos Bumlai, OAS a Odebrecht por meio da reforma e decoração no sítio Santa Bárbara, em Atibaia (SP), que frequentava com a família. Outras 12 pessoas são rés neste processo. Segundo a denúncia, as melhorias no imóvel totalizaram R$ 1,02 milhão. (S.M.) (A.N.)