A eleição do dia 28 de outubro demarca e traça uma linha divisória separando o Brasil que ficou no passado do Brasil que desponta com olhos no futuro. Para isso foram realizados os pleitos em 1º e 2º turnos, dando ao povo o direito soberano de pelo voto escolher o destino político do seu País.
Se ao longo do período eleitoral a grande preocupação foi para com a preservação da democracia, nada mais democrático do que respeitar a decisão popular, cuja maioria expressada por 57.797.847 votos (55,13%) deu a vitória ao candidato do PSL e não deixou dúvidas sobre a legitimidade da opção. Afinal, foram quase 11 milhões de votos de diferença para o 2º colocado, o petista Fernando Haddad.
Na eleição mais desafiadora dos últimos 30 anos – possivelmente superando em expectativa até mesmo o pleito de 1989, o 1º pelo voto direto depois de 1961 – o que se busca, definitivamente, é deixar para trás um País que nos últimos quatro anos se mostrou inseguro, turbulento, dividido e até mesmo desconfiado da legitimidade de seus mandatários.
O período Dilma Rousseff/Michel Temer, certamente um dos mais negativos da trajetória política do Brasil e o que trouxe a maior recessão da história, está por menos de dois meses, – motivo de sobra para celebrar.
Fechando a conta
No famigerado pleito de quatro anos atrás, afora o escândalo do Petrolão, a reeleição de Dilma começou a ser questionada tão logo as pedaladas fiscais e a edição de créditos suplementares foram reveladas como supostas manobras que esconderam a realidade econômica do País para assegurar o 2º mandato. Foi o que ficou conhecido como ‘estelionato eleitoral’
A partir daí o descontrole tomou conta. Raivosas discussões sobre se o impeachment deveria ou não ser aberto, Congresso paralisado, sequência interminável de protestos, o impeachment propriamente dito – mais protestos –, a chegada tumultuada de Temer sob acusações de ‘golpista’, os confrontos de rua, os escândalos de propina que logo fizeram ruir o frágil e impopular governo do ex-vice... e por aí adiante.
Se o roteiro da desventura colocava de um lado um presidente sem legitimidade, mergulhado em corrupção de porão de garagem e precisando pagar uma fortuna em emendas para barrar na Câmara denúncias escabrosas, – do outro lado Lula, vendo a Lava Jato cada vez mais perto, lançava-se candidato. Condenado em 2º instância, inflamou a aguerrida militância petista por uma candidatura que desde sempre se sabia inviabilizada pela Ficha Limpa.
Terminada a eleição e com o novo presidente eleito, espera-se, agora, um só Brasil – unido em torno do desenvolvimento econômico e da qualidade de vida para sua gente.
Ao novo governo cabe cumprir as promessas feitas. À oposição, fiscalizar de maneira firme e responsável.
Tirando água de pedra
Em 2014, Lula precisou correr uma maratona para reconduzir Dilma ao 2º mandato. Na reta final, virava 20 horas por dia, pulando de caçamba em caçamba, de palanque em palanque. Em intermináveis caminhadas, se lançava nos braços do povo.
Quase sem voz, rouco, tirava da garganta de tantos embates o último grito para pedir ao eleitor, como presente de aniversário, a vitória de Dilma. E foi atendido.
O líder petista faz aniversário em 27 de outubro, que no pleito de 2014 caiu numa 2ª-feira – um dia após a eleição. De certo, Lula ‘arrancou’ mais uma eleição na garra, no carisma, na obstinação, nas cordas vocais combalidas e nas forças sabe-se lá de onde as conseguiu tirar.
Não fosse ele – não fosse sua extraordinária capacidade de arregimentar votos – o PT teria perdido em 2014. O apertado resultado de 51,64% contra 48,36% do PSDB mostrou que sua voz fez a diferença.
Quatro anos depois, o aniversário do ex-presidente foi no dia anterior ao da eleição. Preso, não teve como pedir votos para Haddad. Transferiu tudo o que podia – transferiu quase tudo que Haddad teve.
Sua popularidade e liderança, contudo, seguem vivas.