Aldir Sales
03/11/2018 16:54 - Atualizado em 06/11/2018 14:45
A posse dos 70 deputados estaduais eleitos só acontece no dia 1º de fevereiro de 2019, no entanto, nos bastidores da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) a disputa pela presidência da Casa já começou. Pelo menos quatro nomes já são colocados como possíveis postulantes ao posto. O Norte e Noroeste Fluminense têm seis representantes na composição do Legislativo e, naturalmente, alguns nomes da região também se movimentam em busca de lugares na mesa diretora.
Além do atual presidente em exercício André Ceciliano (PT), também são cotados como possíveis candidatos André Corrêa (DEM), Marcos Pacheco (PSC) e Rodrigo Amorim (PSL). Ceciliano assumiu o cargo depois que o presidente Jorge Picciani (MDB) foi preso acusado de corrupção. O petista, no entanto, adota um tom conciliador para tentar conseguir se manter no posto. Em entrevista ao jornal O Dia no mês passado, o deputado admitiu conversar com todos os partidos e disse ter já 39 votos (são necessários 36 para ser eleito).
Ceciliano também disse que não acredita em uma candidatura do xará do DEM. “Tenho certeza de que nós teremos uma única candidatura ao invés de duas. Não tem hipótese de disputarmos separadamente”. No entanto, em conversas com aliados, Corrêa teria dito que o sanjoanense Bruno Dauaire (PRP) é seu favorito para assumir a primeira secretaria da Alerj, caso seja eleito. O deputado do PRP não foi encontrado para comentar o assunto.
A onda bolsonariana foi avassaladora no Rio de Janeiro. O governador eleito Wilson Witzel (PSC) soube surfar na popularidade do presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) para chegar ao Palácio Guanabara. Além dele, o PSL também fez 12 deputados federais e 13 estaduais. Um dos que compõe a maior bancada da Alerj, o ex-vereador de Campos Gil Vianna (PSL) acredita que o partido não terá candidatura à presidência.
— Temos reunião marcada na segunda-feira (5) junto com o senador Flávio Bolsonaro (PSL) e a bancada do PSL para vermos o caminho que será seguido. A princípio são quatro candidaturas à presidência da Alerj e vamos ver junto com nossa liderança, que é o Flávio Bolsonaro. Mas acredito que isso (candidatura de Rodrigo Amorim) não deva acontecer. Deve compor — disse o parlamentar.
Um dos mais experientes da bancada do PSL, Gil Vianna também pleiteia um lugar de destaque na Casa. “Com certeza. Durante a semana vamos saber mais sobre isso, talvez possamos participar da mesa. Tem comissões importantes também na Casa onde podemos avançar bastante. Dos 13 deputados eleitos pelo PSL, só três são vereadores, mas o mais experiente sou eu, que fui vereador duas vezes, fui candidato a vice-prefeito, fui deputado na Alerj. Mas a gente tem que ter humildade, acima de tudo, e agora o diálogo. Essa semana vai ser muito importante para definir as candidaturas à presidência da Alerj”.
Outra peça importante no tabuleiro da Assembleia Legislativa é o deputado Márcio Pacheco (PSC). Apontado nos corredores da Alerj como um dos possíveis candidatos à presidência, Pacheco é do mesmo partido do governador eleito e chegou a ser apontado durante a última semana como líder do governo, o que inviabilizaria sua candidatura. Porém, por meio de nota oficial, Witzel desmentiu qualquer definição e, por hora, o parlamentar segue no páreo.
Eleito para o sexto mandato no Legislativo Fluminense, João Peixoto (DC) esteve na base do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e do atual governador Luiz Fernando Pezão (MDB). Ele também fez campanha para Eduardo Paes (DEM) na corrida pelo Guanabara, mas já se colocou à disposição de Witzel. “O Márcio Pacheco é um grande amigo e ele já falou comigo que o governo precisa muito de mim. E eu disse que poderia contar comigo, mas que eu também preciso do governo para atender o nosso povo”.
Escândalos marcaram Casa nos últimos anos
A Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro ficou marcada nos últimos anos por escândalos de corrupção envolvendo a cúpula da Casa. Os ex-presidentes da Alerj Jorge Picciani e Paulo Mello (MDB), além do então líder do governo Edson Albetassi (MDB) foram presos pela primeira vez em novembro do ano passado, quando foram alvos de mandados de prisão preventiva no âmbito da operação Cadeia Velha.
Na ocasião, a Justiça Federal também determinou o afastamento dos três deputados de suas funções legislativas. Os parlamentares obtiveram a liberdade após decisões conflitantes da Alerj e do Judiciário. No entanto, foram novamente presos por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF) e encaminhados à Cadeia Pública José Frederico Marques.
Em abril, Picciani obteve autorização para cumprir prisão domiciliar. Os outros dois parlamentares continuam presos no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, no Rio de Janeiro. Embora estejam afastados do mandato, eles continuam recebendo os salários. Em nota, a Alerj informa que isso ocorre porque os três continuam na titularidade dos mandatos, pois o afastamento se deu por decisão judicial, tratando-se de “um caso atípico não previsto no Regimento Interno e nem na Constituição Estadual”.