Arnaldo Neto e Victor Azevedo
06/11/2018 20:10 - Atualizado em 09/11/2018 15:19
Acordar e o olhar para o mar, da janela de casa, é o sonho de muita gente. Mas, em Atafona, litoral de São João da Barra, com o passar do tempo isso também virou sinônimo de apreensão. Desde os anos 1950 já existem relatos na imprensa regional sobre o avanço do mar. Nos últimos dias, a força do oceano vem redesenhando a praia principalmente no trecho entre a foz do Paraíba do Sul e as imediações da antiga caixa d’água, demolida antes de ser levada pelo mar. Um projeto de contenção foi apresentado, mas até o momento não saiu do papel.
A esperança de conter o avanço do mar surgiu em 2014, quando o Instituto Nacional de Pesquisas Hidroviárias (INPH) garantiu a viabilidade de um projeto para ser desenvolvido na praia sanjoanense. Só que, quatro anos depois, as discussões ainda são burocráticas e o município não tem condições financeiras de custear a obra sem recursos de outras esferas do poder.
A prefeita Carla Machado (PP) chegou a apresentar o documento ao presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), mas, até o momento, nenhuma resposta foi divulgada. Em outubro do ano passado, foi anunciado que o município havia conseguido o recurso de R$ 1 milhão para execução do Estudo e Relatório de Impacto Ambiental (EIA/Rima) do anteprojeto de contenção do mar. Na última segunda-feira, o Diário Oficial do Rio de Janeiro trouxe a informação que o Conselho Estadual de Controle Ambiental (Ceca) determinou que o Instituto Estadual do Ambiente (Inea) prorrogue por 270 dias o prazo para apresentação do Eia/Rima.
Ontem, um vídeo ganhou as redes sociais mostrando o avanço do mar em Atafona nas imediações do antigo prédio do Julinho. Há mais de 10 anos, as ruínas formam um pequeno “quebra-mar” que, até agora, funcionam como “proteção” das casas vizinhas. “Se tivesse um quebra-mar, uns 100 ou 200 metros para dentro do mar, não aconteceria mais isso. A gente vê isso em Marataízes”, afirmou Rodrigo Queiroz, morador da praia que gravou o vídeo. Ele também cita uma “ressaca fora de época”.
Coordenador da Defesa Civil de São João da Barra, Adriano Assis descartou a hipótese de ressaca na região e afirmou:
— Até o presente momento, a Defesa Civil está monitorando a situação e tudo está dentro da normalidade. O avanço do mar acontece gradativamente, isso já é rotineiro. Não temos desabrigados e nem desalojados. Está tudo sob controle.
Contestada sobre o andamento do projeto de contenção do avanço do mar, a Prefeitura de SJB não respondeu até o fechamento da edição.