Durante a disputa do Campeonato Mundial de Triathlon, no final do ano passado, no Canadá, o atleta Victor Rocha, de 37 anos, professor de educação física e praticante de triathlon, acusou um mal estar que voltou a acometê-lo dias depois já em Campos, quando passou a sentir dores de cabeça e sintomas de febre. Começava ali sua via crucis, a partir de uma internação em hospital da cidade, quando foi diagnosticado que havia alterações no fígado e no baço.
Depois, outros exames de ressonância apontaram a existência de uma inflamação no seu tronco cerebral, que teria sido afetado por um vírus, bactéria ou um fungo, o que não veio ser comprovado, pois ao fim e ao cabo todos os exames neurológicos restaram negativos.
Em dez dias, a doença evoluiu para um quadro de agravamento, com a ausência de resposta em suas funções vitais, com dificuldades no movimento dos braços e pernas. Somente a visão e a audição que funcionavam. Passou a levar uma vida vegetativa, foi para o CTI (centro de tratamento intensivo) onde ficou por um mês.
— A inflamação existia, mas não se chegou à conclusão sobre o que a teria causado. Mas, a partir da aplicação de corticoides no tratamento com o doutor Pedro Glória, obtive boas respostas. Passei a ter uma evolução bastante significativa— contou.
Posteriormente, Victor buscou no Rio o neurologista Felipe Schmidt, onde começou uma segunda etapa do tratamento.
— Lá eu obtive uma curva ainda melhor em meu tratamento, através de aplicações de hemoglobina. Cheguei lá num andador, em dois dias já caminhando bem melhor — admitiu.
Além do tratamento clínico, Victor praticou um tenaz exercício de resistência e perseverança para voltar a ter condições de competir, já em casa e no hospital, através de três sessões diárias de fisioterapia com a mesma disciplina e entrega com que se dedica aos treinamentos.
“Deus me deu a chance, um sopro de vida”
Quase um ano depois, Victor retornou aos treinamentos e, no último domingo, disputou o Campeonato Brasileiro de Triathlon, no Recreio dos Bandeirantes, no Rio. A volta triunfal deste campeão e vencedor do jogo da vida foi celebrada por sua mãe, amigos e incentivadores.
— Estavam todos lá, foi muito emocionante voltar a competir, depois de tudo que passei. Essa batalha valeu muito mais do que qualquer troféu ou medalha. Claro que tenho algumas limitações, mas estou aqui, fazendo o que eu mais amo. Agradeço aos meus amigos, minha família, aos médicos e, mais do que tudo, a Deus que não permitiu que essa história tivesse outro desfecho. Me deu uma chance, um sopro de vida — disse, grato.
Aos sedentários, Victor Rocha, também personal trainer, deixa um recado.
— Deixo aqui uma mensagem: pratiquem esportes sempre porque se eu não fosse praticante de esporte, não teria vencido esta batalha, como chegou a afirmar o próprio doutor Felipe — concluiu.