Estadual sem a Globo preocupa
Paulo Renato do Porto 23/11/2018 21:52 - Atualizado em 24/11/2018 17:38
Os 12 clubes de menor investimento que disputam o Campeonato Estadual do Rio se mobilizam contra o movimento articulado pelos grandes clubes para esvaziar ou extinguir as disputas regionais. Há rumores que dão conta do desinteresse da TV Globo em relação às essas competições. Uma reunião dia 27, terça-feira, na Federação de Futebol do Rio de Janeiro (Ferj), será o primeiro passo para discutir ideias sobre a fórmula de disputa do Estadual do próximo ano, entre outras propostas.
O presidente do Americano, Carlos Abreu, demonstrou preocupação com o movimento, que está sendo articulado pelo deputado Andrés Sanchez, presidente do Corinthians.
— O Sanchez tem um projeto pelo qual propõe que os grandes não sejam punidos caso não queiram disputar os campeonatos estaduais, disse Abreu.
O mandatário alvinegro pregou a necessidade da união entre os clubes menores, mas alertou que essa unidade se colide com outros interesses.
— A minha tese é de que é fundamental que tenhamos unidade entre os 12 clubes. Mas essa unidade é difícil porque Madureira e Bangu vivem uma realidade diferente de clubes como Americano, Goytacaz ou Macaé. Eles recebem uma verba de mais de R$ 4 milhões de cota da TV Globo, uma realidade diferente da maioria dos clubes — declarou ainda Abreu.
A Globo investe quase R$ 200 milhões por ano em dez estaduais, incluindo o Paulistão, Carioca, Mineiro e Gaúcho. Principal financiadora dos clubes com os direitos de transmissão, a emissora pede mudança radical no calendário do futebol brasileiro.
“A Rede Globo nada afirmou a respeito”
O dirigente alvinegro lembra que o próprio presidente da Federação do Rio, Rubens Lopes, se mantém preocupado com o movimento que busca esvaziar o poder das federações de futebol no Brasil, prejudicando os clubes de menor investimento.
— Recentemente, o Rubinho inclusive chamou para uma reunião o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia, a fim de barra esta proposta do Andres Sanchez— acrescentou Abreu, que irá propor a presença de um representante da Rede Globo na reunião. “Eu até agora não ouvi uma posição da Globo a respeito. Afinal, há um contrato em vigor”, pontuou.
Necessidade de mudanças 
O presidente do Goytacaz, Dartagnan Fernandes, assinalou que a saída é melhorar o Campeonato como produto para atrair o torcedor.
—O Campeonato pode ser aperfeiçoado, com mudanças nos horários dos jogos, sorteios de carros ou outros produtos a cada rodada... Essa reunião será para apresentação de ideias visando melhorar a competição, que tem audiência e desperta interesse em todo país e até mesmo em outros países. Afinal, são quatro clubes com uma marca que tem popularidade no Brasil inteiro — disse.
Além do Flamengo, o movimento tem sido articulado pelo presidente do Atlético-PR, Mário Celso Petraglia, que numa entrevista a uma rádio de Curitiba afirmou que a Globo é priorizar os campeonatos nacionais e continentais a partir de 2020, tirando assim os recursos dos Estaduais, o que ligou um sinal de alerta em todo o país, especialmente no Rio de Janeiro.
“Clubes do Rio possuem torcida em todo país”
Dartagnan disse que a Globo não vai deixar os estaduais porque há um contrato em vigência até 2024 que, em caso ou rompimento, prevê multas com cifras muito altas.
— A Globo não vai deixar os estaduais porque há um contrato em vigência até 2024 que, em caso ou rompimento, prevê multas com cifras muito altas. O Petraglia vive outra realidade. O futebol de lá é diferente do paulista, carioca, mineiro ou gaúcho. A realidade por lá é diferente. Os clubes do Rio, São Paulo, Minas e Rio Grande do Sul são grandes vitrines, tem milhões de torcedores em todo país, o que não acontece com Coritiba e o Atlético Paranaense, que só tem torcida no Paraná — analisou Dartagnan.
O encontro no dia 27 foi idealizado pelo presidente do Bangu, Jorge Varela, a fim de que clubes para que possam se organizar diante de uma possível saída da Globo do campeonato, uma vez que a cota líquida paga a todos os participantes está na casa dos R$ 85 milhões, renda considerada imprescindível para os clubes que estão fora do grupo dos chamados “quatro grandes”.
Americano e Goytacaz recebem R$ 500 mil na disputa da seletiva, a primeira fase do Campeonato, que começa no próximo dia 22.
 
 

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