Economia com horário de verão
Jane Ribeiro 02/11/2018 18:09 - Atualizado em 06/11/2018 17:14
Isaías Fernandes
A partir da 0h deste domingo (4), os relógios deverão ser adiantados em uma hora nos estados em que o horário de verão é válido. O objetivo principal do horário de verão é economizar energia, já que dá para aproveitar a luz do dia por mais tempo no início da noite e há menos consumo no horário de pico (entre 18h e 21h). Um período que agrada a umas pessoas e a outras nem tanto. Este ano, a duração foi reduzida em aproximadamente 10 dias a pedido do Tribunal Superior Eleitoral, para evitar atrasos na apuração dos votos e na divulgação do resultado das eleições, devido aos diferentes fusos horários no país.
Este ano o início do horário de verão foi alterado para o próximo domingo e termina no dia 16 de fevereiro de 2019, quando os relógios devem ser atrasados em uma hora. Mesmo com o adiamento do horário de verão definido no final do ano passado, a programação automática de algumas operadoras de telefonia não foi corrigida, surpreendendo clientes, que tiveram o horário de celulares adiantados à 0h do dia 21 de outubro.
O horário de verão surgiu no Brasil com o Decreto nº 20.466, de 1º de outubro de 1931, estipulando o adiantamento do relógio em uma hora em todos os estados do território brasileiro. Atualmente, os estados das regiões Norte e Nordeste não participam do horário de verão.
Essa medida existe atualmente em 30 países. A grande exceção são os países localizados na faixa equatorial, onde não existem variações de estações e o clima mantém-se em quase todo o ano.
Economizar energia elétrica é a meta do horário de verão, mas percebe-se uma queda nessa economia ao longo dos anos. Em 2013, o alívio aos cofres da União foi da ordem de R$ 405 milhões. Entre 2014 e 2015, a previsão era de poupar mais R$ 278 milhões, mas o resultado, em reais, não foi divulgado oficialmente. Entre 2015 e 2016, a economia foi de R$ 162 milhões e no período seguinte, caiu para R$ 159,5 milhões.
Para o economista Alcimar das Chagas Ribeiro, a implantação do horário de verão no território nacional é válida, porque a economia é comprovada. “Acho o horário de verão completamente válido para a nossa economia. O aumento do período da tarde, a luminosidade longa, com certeza reduz o gasto com energia elétrica, e a decisão de manter o horário de verão foi baseada em dados que comprovam a economia de energia durante esse período — afirmou.
Norte e Nordeste do país ficam de fora
No final do ano passado, o governo federal sinalizou para a possibilidade de abolir o horário de verão, por não haver consenso quanto à relação com a economia de energia elétrica. Mas mudou de ideia. O ajuste no relógio vale para as regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste (São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Espírito Santo, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Distrito Federal) e irá vigorar até o terceiro sábado de fevereiro de 2019 (dia 16).
Nas regiões Norte e Nordeste, pela proximidade com a linha do Equador, a mudança para o horário de verão não geraria efeito prático.
O horário de verão amplifica a diferença de fuso horário entre as diferentes regiões do Brasil. No Amazonas e Acre, por exemplo, há uma diferença, respectivamente, de duas e de três horas a menos em relação a outros estados brasileiros.
Corpo humano não se adapta com rapidez
Um estudo realizado no Brasil concluiu que o corpo humano precisa de ao menos 14 dias para se adaptar totalmente ao horário de verão. Enquanto essa adequação não ocorre, são comuns problemas como falta de atenção, de memória e sono fragmentado.
Ele causa desconforto para a maioria das pessoas, podendo prejudicar a saúde, o rendimento no trabalho e nos estudos e levar a acidentes. Isso ocorre porque o ser humano tem dois relógios. Um é o biológico, ligado ao ritmo das secreções hormonais e do funcionamento dos órgãos do corpo. O outro, o social, que marca a hora de entrar no trabalho, na faculdade ou escola.
O relógio biológico está sincronizado com o ambiente, o dia e a noite. Obedecer ao horário social depende de adaptação do organismo, que varia de pessoa para pessoa. E quando esse horário muda, cria-se um descompasso que exige nova adaptação.
Quem mais sofre são as pessoas vespertinas, que gostam de ir dormir mais tarde e possuem dificuldade natural para acordar cedo. Quem tem flexibilidade para acordar mais tarde, pode se adaptar melhor. A estudante Maria Eduarda Miranda é uma delas. “Tenho dificuldade para dormir cedo, por isso, vou acordar mais cedo e o meu organismo com certeza vai ficar alterado. Mas não tem jeito, é uma imposição e temos que nos acostumar”.

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