Dia Nacional do Samba
Matheus Berriel 30/11/2018 18:32 - Atualizado em 05/12/2018 14:19
Já cantava Dorival Caymmi que “quem não gosta de samba, bom sujeito não é”. Preferências musicais à parte, é bem verdade que dificilmente alguém consegue ficar inerte aos sons do bandolim, cavaquinho, pandeiro, repique, surdo, tamborim, tan-tan, violão e da cuíca. No Brasil, é comemorado em 2 de dezembro o Dia Nacional do Samba. Como Campos tem o ritmo enraizado em sua história, terra de nomes como Jorge da Paz Almeida, Wilson Batista, Roberto Ribeiro, Délcio Carvalho, Eli Miranda e Sebastião Mota, a data não poderia passar em branco. Às 11h, o grupo Amigos do Samba & Chorinho fará uma roda na praça do Sossego, com apoio do Grupo Folha de Comunicação, por meio da Folha da Manhã e Rádio Continental.
— Para comemorar os 102 anos do samba no Brasil, vamos fazer uma grande roda. Convidamos a população para participar. Teremos a organização dos Amigos do Samba & Chorinho, trazendo alguns convidados. A roda deve ir de 11h às 17h, e contamos com a presença de todos — disse Edu Maciel, um dos organizadores.
O grupo Amigos do Samba & Chorinho surgiu há 28 anos, com uma reunião de amigos para tocar samba em botecos. Atualmente, são sete componentes, que costumam se apresentar em festas, bares e restaurantes, fora os integrantes extra-oficiais. “Sempre aparecem dois ou três para completar o barulho. O samba é isso, é amizade. Vamos fazer uma roda legal, uma confraternização”, acrescentou Edu.
As rodas de samba representam uma resistência para o ritmo tipicamente brasileiro em meio às imposições da indústria cultural. Outro grupo que tem se destacado em Campos é o Palma Contra Palma, que tem um cronograma de apresentações no espaço Soma+Lab, um quintal na rua Almirante Greenhalgh. A última deste ano está marcada para o próximo sábado (8), às 16h. A entrada é gratuita, com colaboração artística opcional. Entre os integrantes do Palma Contra Palma está o pesquisador Fabiano Artiles, que colaborou na montagem da biografia “Wilson Baptista — O Samba Foi Sua Glória”, lançada em dezembro de 2013 pelo escritor Rodrigo Azulguir.
— A história do samba se mistura com a própria do Brasil. É a história do negro que precisou se reinventar no país, primeiro para sobreviver, e depois para dar um novo sentido à vida e, desta forma, se reconectar com a sua essência. Um reencontro espiritual com o Baobá. Antes de tudo, o samba é um acontecimento aglutinador de pessoas e corpos, que sambam e se manifestam dentro de conceitos e códigos que nascem e se estabelecem nesses grupos sociais. Pela sua potência aglutinadora, ele se multiplica, criando outros grupos igualmente potentes e aglutinadores. Por isso o samba sobrevive — afirmou Fabiano.
Vocalista e idealizador do Palma Contra Palma, Victor de Souza enxerga no grupo uma formação alternativa, variando de 10 a 12 componentes, com destaque para composições de sambistas menos badalados, pouco presentes nas rodas tradicionais.
— Nossa roda veio com a intenção de tocar um repertório diferente e de dar ao samba um andamento mais lento, sem aquela coisa muito acelerada. Uma forma mais suave de tocar, sem espancar o pandeiro. Mas, no fundo, é sensacional ter 10, 12, 13 rodas em Campos nos finais de semana, cada uma no seu estilo. Acho que a gente está numa fase em que o samba está dando mais movimento nas casas do que as músicas mais efêmeras como o sertanejo universitário, o funk, o pagode. São ritmos que têm fases, passam e vão. O samba fica. Do jeito dele, mas fica. É um ritmo paralelo. Não toca nas rádios, não aparece na televisão, mas está sempre aí — enfatizou Victor.
Nas mesas de bar ou nos terreiros, há espaço para sambistas de todos os gostos. O mais importante é atender ao pedido de Edson Conceição e Aloísio Silva, eternizado na voz de Alcione: “Não deixe o samba morrer, não deixa o samba acabar”. Mesmo não havendo morro em Campos, sempre é bom ter um samba pra gente sambar.

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