"Dogville" hoje no Cineclube Goitacá
Matheus Berriel 20/11/2018 16:13 - Atualizado em 24/11/2018 17:59
Divulgação
Lançado em 2003, com direção do dinamarquês Lars von Trier, “Dogville” será a atração desta quarta (21) do Cineclube Goitacá. O filme, que em 2016 foi classificado pela BBC como 76º na lista dos 100 melhores já lançados no século XXI, será apresentado pelo psicanalista, dentista e ator Luiz Fernando Sardinha. A sessão terá início às 19h, na sala 507 do edifício Medical Center, no Centro de Campos, com entrada franca. O prédio fica à esquina das ruas Conselheiro Otaviano e 13 de Maio.
Em sua análise do filme, Luiz Fernando Sardinha faz um paralelo com a célebre frase “há algo de podre no reino da Dinamarca”, dita por Hamlet, personagem da obra literária de Shakespeare. A história de “Dogville” se passa na década de 1930, logo após o crash da Bolsa de Nova York, período em que os gângsters estavam em alta. A personagem Grace, interpretada por Nicole Kidman, é filha de um gângster. Revoltada com as atitudes criminosas do pai, ela resolve ir para uma pequena vila, onde esperava encontrar uma sociedade perfeita, com pessoas caridosas. Porém, quase sempre colocando em cheque a bondade humana, o diretor retrata o “lado podre” dos moradores do vilarejo, que agem de forma instintiva, tendo momentos de arrogância, egoísmo e crueldade.
— Essa frase épica de Hamlet serve para tudo. Há algo de podre no governo brasileiro, nas nossas famílias... Sempre há algo de podre. O lado perverso do ser humano está em todo lugar, inclusive em nosso meio, no mais íntimo. Em ”Dogville“, o Lars von Trier meio que mostra esse lado podre existente — afirma Sardinha.
Ao chegar no vilarejo, ao contrário do que imaginava, Grace não é bem recepcionada. Comovido com a situação, o personagem Tom, vivido por Paul Bettany, resolve ajudá-la. Após uma reunião envolvendo os moradores do lugar, a permanência de Grace é permitida, com a condição de que ela ajude as famílias em várias funções. Seria uma espécie de retribuição em troca do acolhimento. Ou, numa interpretação mais atenta, o pagamento pela “bondade” dos moradores.
— Ela (Grace) começa a entrar nas casas, ajudando as pessoas, e aí começa a aparecer o lado negro de toda essa pequena sociedade, a ponto de ela, no final da história, ser quase uma escrava de todos os moradores daquela cidade. Quando ela já está escrava, o pai reaparece, e aí ela tem que, digamos assim, mesmo contra os princípios do pai, dar razão a ele, de que não existe sociedade perfeita — conta o apresentador da noite.
Apesar de inumano, o personagem Moisés, um cão-guardião, tem papel importante no filme, pois anuncia a chegada de estranhos ao vilarejo por meio de seus latidos. Com duas horas e 57 minutos de duração, “Dogville” faz parte de uma trilogia inacabada sobre os Estados Unidos. O segundo filme é “Manderlay”, de 2005, enquanto o terceiro, “Washington”, ainda não foi lançado.

ÚLTIMAS NOTÍCIAS