Celso Cordeiro Filho
15/11/2018 15:52 - Atualizado em 19/11/2018 14:33
Ao apresentar o filme “Aldir Blanc, Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, lançado em 2004, com direção de Alexandre Ribeiro de Carvalho, André Sampaio e José Ribeiro de Moraes, na quarta-feira (14), no Cineclube Goitacá, o pesquisador cultural Marcelo Sampaio ressaltou a importância de se conhecer a obra do compositor, uma vez que é um mestre da música popular brasileira, destacando-se suas parcerias com João Bosco, Paulo Cesar Pinheiro, Guinga, Moacyr Luz e Sueli Costa. “Aldir Blanc emocionou o Brasil com a música ‘O Bêbado e a Equilibrista’, na voz de Elis Regina, que acabaria se tornando o hino da anistia marcando o fim da ditadura militar”, disse.
O documentário faz uma viagem sobre a vida de Aldir Blanc, desde sua infância no Estácio de Sá até a juventude em Vila Isabel. Sobre essa questão, Marcelo lembrou que o compositor nasceu no bairro do Estácio, onde Ismael Silva fundou a primeira escola de samba do Rio de Janeiro, a Deixa Falar. “Foi criado em Vila Isabel, berço do compositor Noel Rosa. Como se pode perceber, é quase uma predestinação a sua incursão pela música”, afirmou. Ele também comentou o fato de morar na Tijuca: “Aldir diz que o tijucano está em eterno estado de sítio. Para a turma da Zona Norte, o tijucano é um semi-ipanemense. Já para o pessoal da Zona Sul, é um suburbano”.
Marcelo destacou, ainda, que já fez mais de 20 apresentações de filmes que preservam a memória artístico-cultural brasileira. E foi taxativo: “Até antes dessa nova fase do Brasil, que está se mostrando bastante sombria, nós éramos uma resistência. Agora mesmo, é que continuaremos sendo para enfrentar o que vem por aí. Campos tem vivido resistências culturais em várias áreas, e, no campo do audiovisual, o Cineclube Goitacá desemprenha papel importante. Aqui, por exemplo, são exibidos filmes antigos que não chegaram às nossas telas e outros novos que não serão mostrados em nossa cidade.”
Antes da exibição do documentário “Aldir Blanc, Dois Pra Lá, Dois Pra Cá”, foi mostrado o curta-metragem “O Ventilador” (2011), do diretor campista Carlos Alberto Bisogno. Nele é mostrado uma conversa franca entre Marcelo Sampaio e o compositor campista Toninho Shita. “Nós não sabíamos que estávamos sendo filmados. Bisogno colocou a câmera num ponto estratégico sem nos avisar. Daí acabou resultando este curta de 14 minutos. Como sempre, estou colocando minhas opiniões que, normalmente, são de contestação ao estabelecido. Sou assim e vou continuar assim”, completou Marcelo.